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Arquitetos: Atelier Tsuyoshi Tane Architects
- Área: 3587 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Daici Ano
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Fabricantes: Katsumata Metal Industry, LIKE Company Limited, Nabco, Sanwa, Takayama Brick Architects Design, Union, front
Descrição enviada pela equipe de projeto. Inaugurado no último dia 11 de junho, o novo Museu de Arte Contemporânea de Hirosaki (MOCA) foi construído na pequena cidade que dá nome ao museu, poucos quilômetros à oeste de Aomori, a maior região produtora de maçãs do Japão.
Durante o processo de projeto, os arquitetos do Atelier Tsuyoshi Tane Architects (ATTA) buscaram inspiração na história local e nas estruturas pré-existentes: antigos armazéns de tijolos centenários que um dia serviram à produção de saquê e cidra. Inicialmente utilizados para a fabricação de álcool de arroz, estas estruturas foram sendo ampliadas para dar vazão à crescente produção de maçã na região. Com o passar dos anos a produção de cidra entrou em declínio e os armazéns passaram a cumprir a função de depósito. Foi então que, em 2017, os arquitetos do ATTA receberam o primeiro prêmio no concurso da prefeitura de Hirosaki para o desenvolvimento de um amplo projeto de reforma de um destas antigas plantas industriais, a primeira grande comissão recebida pelo jovem escritório de arquitetura japonês.
Defendendo a preservação destas estruturas históricas e a “continuidade da memória” através da arquitetura, a proposta do ATTA apresentava uma abordagem de intervenção tão cautelosa quanto apropriada. A idéia central do projeto procurava restabelecer e resgatar a importância destas estruturas para a história da região e seus habitantes. Removendo tudo aquilo que não era necessário e estrutural, os arquitetos trouxeram de volta à vida a impressionante estrutura em tijolo aparente dos galpões, preenchendo os elementos faltantes de forma a devolver a solidez da estrutura como um todo. A nova cobertura de placas de titânio — na cor da cidra um dia foi produzida no interior dos galpões—, presta uma homenagem a antiga função dos edifícios. Durante o processo de reforma e adaptação dos edifícios de tijolo, alguns detalhes foram incorporados para aprimorar o desempenho sísmico e preservar os armazéns para o futuro.
Ressignificado como um novo museu de arte contemporânea, o projeto dos espaços dos antigos galpões de produção de saquê e cidra foi concebido segundo uma abordagem “site-specific” e “time-specific”. “Site específico” significa promover o desenvolvimento de obras de arte que interajam com a arquitetura e a historia do lugar. O projeto desenvolvido pelo ATTA visa preservar o legado arquitetônico de Hirosaki, promovendo uma reaproximação da comunidade local com a memória do lugar através da arte, dando forma a uma instituição moderna porém, profundamente enraizada na história de Aomori e região. “Tempo específico”, é um conceito que serve para direcionar o caráter dos projetos expositivos desenvolvidos para o museu, proporcionando uma maior flexibilidade do espaço e do programa da instituição. A fim de revelar toda a exuberância do espaço das naves industriais restauradas, os espaços foram mantidos livres e abertos, podendo ser adaptados de acordo com as necessidades de cada proposta. Desta forma, o programa anual do museu procura adaptar-se às demandas de seu conteúdo, sem impor um calendário pré-definido ou prazos restritos para a realização das intervenções específicas.
Em seu conjunto, o novo Museu de Arte Contemporânea de Hirosaki é composto por uma série de instalações complementares: cinco salas expositivas, incluindo uma galeria com 15m de altura livre, uma galeria pública e três estúdios, uma biblioteca, uma loja e café do museu. Exteriormente, os visitantes são recebidos em um amplo pátio chamado de “estrada do museu”, um espaço público que marca o início deste percurso que pretende sobrepor passado e presente em uma experiência única e irrepetível.