-
Arquitetos: Hooba Design
- Área: 1050 m²
- Ano: 2019
-
Fotografias:Deed Studio, Parham Taghioff
-
Fabricantes: Harmony Co
É possível unificar a paisagem urbana minimizando a expressão formal dos edifícios como objetos singulares e enfatizando a cidade como um todo? Unificar diferentes elementos do edifício, incluindo paredes, janelas, portas, etc., bem como reduzir a variedade de materiais de construção, poderia de alguma forma resolver esse "problema".
O projeto foi concebido como a sede da Kohan Ceram Brick Manufacturing Company. Preservando a estrutura de concreto existente, optou-se por projetar um tijolo especial (desenhado pelo arquiteto) para representar a fábrica. Agora a questão é: poderia este conhecido material de construção ir além de seu papel e ajudar a mudar as percepções em relação a um edifício e combinar diferentes elementos de construção para chegar a um novo fenômeno? Como poderíamos reduzir a perturbação visual no cenário urbano, introduzindo formas singelas como objetos de construção?
A história da construção da Kohan Ceram começou quando esse novo módulo foi criado, chamado de “Spectacled Brick”. Esse elemento apresentava transparência e solidez funcionando como alvenaria, acabamento e isolamento ao mesmo tempo, mas ainda poderia ser mais do que isso. O “Spectacled Brick” não só formou a fachada exterior, mas também transformou-se de superfície em volume que se estendeu ao edifício em forma de espaços verdes modulares. Substituindo paredes e janelas comuns, esses módulos definiram diferentes espacialidades no edifício.
Assim, as paredes interiores foram formadas pelo prolongamento das exteriores, seguindo o principal critério de concepção que era a fusão de qualidades duais. Trazendo a iluminação natural para o interior dos espaços de uma forma misteriosa, o tijolo criou novas percepções em relação ao edifício. Isso tornava o prédio introvertido e extrovertido durante o dia e a noite. Proibiu-se terminantemente o uso de outros materiais na construção do edifício e sempre se manteve fiel à sua geometria. Fazendo uso de sua natureza semitransparente, fundiu-se o exterior com o interior para esmaecer a fronteira entre os dois. O tijolo enfatiza os benefícios da ventilação e da exposição à luz provocados no interior organizando os espaços.
O tijolo integrava qualidades de construção como interior e exterior, introversão e extroversão, fachada e espacialidade, transparência e solidez, iluminação natural e artificial, para criar um novo fenômeno que não só carrega características de ambos os componentes, mas também introduz novos valores para o sistema. Portanto, os desafios de projeto foram resolvidos pela fusão desses componentes duplos em elementos únicos. Utilizou-se essa homogeneidade para atender também ao requisito programático do projeto, que incluía espaços comerciais e residenciais. Tentou-se expandir o aspecto comercial do showroom de tijolos para o exterior e, eventualmente, para a cidade. Assim, gerou-se o papel transicional da obra como complexo de espaços na escala do edifício e objeto comercial na escala urbana.
Carbono zero - O ganho de radiação e calor solar é controlado por um sistema passivo, usando persianas operáveis. Os usuários podem controlar a luz do dia e a temperatura ajustando as telas. Com um vão de 60 cm, a segunda camada da fachada contém as aberturas para ventilação natural. Este sistema reduz significativamente a demanda de energia do edifício. O sistema de iluminação está equipado com sensores de movimento. Além disso, o sistema de climatização é composto por ventiladores de teto com sistemas operacionais separados em cada zona, equipados com sensores de detecção da presença humana para ligar ou desligar. Todos esses sistemas têm um grande impacto na redução do consumo de energia no edifício.
Em algumas partes do edifício a fachada foi alongada aos espaços interiores, formando vazios profundos (até 5m) no interior dos espaços para trazer luz natural e ventilação. O ar que entra nesses vazios é filtrado pela vegetação das floreiras ao longo do comprimento se tornando mais fresco e menos poluído. Cerca de 70m² de área total do edifício foram dedicados a espaços verdes. Esses espaços afetam significativamente a qualidade de vida ao filtrar e umedecer o ar no clima seco e poluído de Teerã.
Nas fachadas sul e oeste, onde a exposição solar é maior do que o normal, os módulos de tijolo captam o excesso de energia solar e permitem que uma quantidade otimizada de luz e calor entre no edifício. As estatísticas mostram que 67% da área total do edifício está dentro da faixa de iluminação diurna útil (UDI). O tijolo usado neste projeto é reciclável, tem efeito mínimo no ecossistema e é mais barato de se manter nas condições climáticas do Teerã. Alguns dos espaços interiores foram separados por divisórias de vidro para criar uma conexão visual e permitir uma melhor entrada da luz solar.