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Arquitetos: MOL Arquitectura
- Área: 553 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Héctor Santos-Díez
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Fabricantes: Fassa Bortolo, Finsa, Ikea, Klein, Lledò, Saint-Gobain
Descrição enviada pela equipe de projeto. A reconstrução de uma residência unifamiliar em Saa, Carballeda de Avia, Ourenses, respondeu à necessidade dos proprietários de recuperar a edificação depois do grave incêndio que assolou a região por completo. A intervenção foi pensada da maneira mais respeitosa com o patrimônio e a memória do lugar, mas utilizando sistemas de construção contemporâneos. Após conversar com o proprietário, e dadas as limitações econômicas, foi escolhido um programa mínimo que dispõe a área do dia no térreo, formada por uma única cozinha aberta e salas de estar e jantar. Da mesma forma, foi incorporado um banheiro acessível, equipado com chuveiro, pia e lavatório. No depósito foi mantido o uso anterior, incorporando a área de lavanderia ao cômodo menor localizado no térreo.
Pelo motivo do proprietário já ter passado de seu aniversário de oitenta anos, uma área foi reservada para um quarto na sala de estar, caso suas habilidades motoras fossem prejudicadas no futuro. Desta forma, ele poderá desenvolver sua vida somente no térreo, com todos os serviços necessários, não sendo necessária nenhuma intervenção específica para melhorar a acessibilidade. No primeiro pavimento, a partir de um hall na composição atual, a área noturna é articulada, formada pela antiga "lareira", destinada a ser o dormitório secundário para as visitas do proprietário. No volume principal da casa é incorporado um vestíbulo que se comunica através de uma escada em "L", e onde é incorporada a área de armazenamento geral. A partir deste espaço, é possível acessar o dormitório principal com seu pequeno banheiro e com uma saída para o corredor recuperado, com uma orientação leste.
O quarto tinha grande valor sentimental, já que foi o dormitório onde cuidou de sua mãe nos últimos anos de vida, e por isso foi considerado ideal para o descanso de D. José. Além das duas varandas que levam ao corredor, uma porta conecta visualmente o quarto com o pé direito duplo da área do dia. Esta porta permite sair para um corredor interno que apoia sobre o entorno de pedra do térreo. Esta dualidade de corredor externo e corredor interno em paralelo, permite perspectivas e vistas cruzadas, além de possibilitar a limpeza e manutenção das janelas que coincidem com o pé direito duplo. Uma vez feito o estudo a respeito das pedras do edifício, desde a construção original de 1910, às partes acrescentadas em 1953, as reformas feitas em 2000 foram claramente definidas. As premissas básicas para esta reconstrução foram pensadas a partir dos seguintes critérios:
Econômico: Ao reduzir o tempo de execução, optando pela fabricação com sistemas de construção padronizados de estruturas de madeira;
Sustentabilidade: Soluções construtivas, instalações e materiais com a mais alta qualificação energética, e pegada de carbono zero;
Recuperação da arquitetura vernacular, além do valor sentimental, como mencionamos no início.
A intervenção recuperou o caráter tradicional do edifício, demolindo os elementos estranhos à arquitetura popular de seu entorno. Materiais tradicionais foram escolhidos, mas com sistemas de construção contemporâneos. Da mesma forma, por acordo com o proprietário, a madeira desempenhou um papel absoluto na reconstrução da casa. Apesar de ter sido destruída por um incêndio, a reconstrução foi realizada inteiramente em madeira, o que nos leva a uma pegada ecológica zero, reforçada também pelo uso de instalações sustentáveis, através de iluminação ajustável de baixo consumo, com produção de aquecimento e água quente por caldeira de biomassa.