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Arquitetos: Estudio Flume
- Área: 56 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:German Nieva
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Fabricantes: Amanco, Blender3d, Deca, Disensa, Forlux, Freecad, Ibrap, Librecad, Linhal, Lorenzetti, Riomar cordas, Tigre
Descrição enviada pela equipe de projeto. O quiosque e abrigo de canoas, está localizado na Ilha Jaguanum, numa região de proteção da Mata Atlântica, no estado do Rio de Janeiro. O projeto, desenvolvido para um casal de caiçaras, consiste numa cozinha e área de estar que, durante a noite, é utilizada como abrigo para canoas.
O modo de vida tradicional caiçara baseado na agricultura de subsistência, na caça e na pesca, é ameaçado por especulações imobiliárias, leis restritivas e declínio de peixes marinhos. Este projeto se enquadra em uma estratégia mais ampla para, reverter gradualmente, o atual turismo predatório, em ecoturismo. Portanto, o quiosque visa desenvolver uma oportunidade de geração de renda sustentável para o casal e outros pescadores, promovendo a produção local e a gastronomia tradicional: o quiosque tem como público alvo, visitantes interessados na cultura caiçara e na natureza da ilha.
Construído em três semanas, o projeto considera o estreito relacionamento da população local com a natureza e incorpora a praia, o mar e a vegetação tropical à edificação. A poucos metros do mar, durante a maré alta, a área de estar se integra à praia e, os limites entre as áreas interna e externa se confundem. A cobertura e os grandes vãos permitem a ventilação cruzada, privilegiando a vista para o mar e, ao fundo, o verde das bananeiras, incorporadas ao “circulo de bananeiras”, técnica de Permacultura para o tratamento das “águas cinzas”. O bambu, da própria ilha, foi utilizado para delimitar a área da cozinha que, através das chapas de polipropileno translúcido na cobertura, permitem que 70% da luz natural incida no espaço, enquanto filtra os raios UV, transformando, ao anoitecer, o quiosque numa “lanterna”.
Os custos de logística para acessarmos à ilha, se sobreporiam em relação aos recursos disponíveis para a construção. Portanto, decidimos levar nosso escritório ao canteiro de obra, permanecendo no local integralmente, num diálogo constante com a equipe de obra e a comunidade. A obra só foi possível nessa lógica, pelo próprio caráter experimental da proposta, que nos levou a um processo de prova e erro na prototipagem até chegarmos conjuntamente na solução mais viável.