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Arquitetos: Ressano Garcia
- Área: 70 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Francisco Nogueira, Vasco Célio
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Fabricantes: 4UDecor, Adobe, Alfredo Antunres Flor, Amorim, Archiexpo, Avilsa, CIN, Cimpor, Dimensão, Efectoled, Extrual, Isotherm, Jular, Legrand, Luso, McNeel, Miguel Batista, PRELIS, Roca, Secil, +5
Descrição enviada pela equipe de projeto. A arquitetura acolhe a mente e o corpo. Cada pessoa conhece o mundo físico de modo íntimo e misterioso. O corpo guarda as necessidades do ser humano e aprende sobre o ambiente construído. A mente é capaz de interpretar a arquitetura usando outras ferramentas. A questão central é como isso funciona? Os sentidos influenciam o arquiteto ou os sentidos são ampliados pela arquitetura? Não há provavelmente uma resposta unica, no Hammam tentamos informar a mente sobre os sentidos do corpo. Os espaços interiores são organizados pelas temperaturas (quente, morna e fria). Dentro da sala quente, o vapor estimula a sensação do corpo. O suor aumenta o cheiro do corpo e suaviza a pele, oferecendo uma profunda experiência física, relacionada à intimidade dos amantes.
No espaço seguinte, há bancos generosos que acolhem, construídos em mármore com ângulos confortáveis e cantos arredondados, que tocam suavemente a pele. É um espaço para prazeres sensuais, onde cada detalhe importa. Em planta, a geometria da sala apresenta uma forma oval e o corte transversal apresenta uma curva parabólica. Está intencionalmente projetada com linhas curvas e a combinação da planta e seção redondas aprofunda a experiência do espaço suave, sem cantos ou ângulos; que é contínuo e redondo sugerindo semelhanças com o útero. A sensualidade da experiência é amplificada pela forma do edifício. A luz interior oferece uma experiência espiritual, o som de gotejamentos regulares de água enriquece o ambiente e suaviza a atmosfera completando o relaxamento. O projeto foi desenvolvido em estreita colaboração com os clientes Eglantina Monteiro e Francisco Palma Dias. Eglantina é uma antropóloga e curadora de arte com uma percepção mais profunda do contexto local e das suas relações culturais. Francisco é um poeta e agricultor surrealista que reclama a necessidade de refazer os tradicionais banhos públicos, ou seja, o Hammam.
Os banhos públicos, amplamente divulgados durante o Império Romano e continuados pelos muçulmanos em todo o Mediterrâneo, foram banidos pelos Reis Católicos quando conquistam Granada. Partilhamos a percepção de que os Hammams foram condenados pelos Reis Católicos nesta região do sul da Península Ibérica, embora as comunidades locais os utilizassem durante séculos. O projecto de um novo hammam nesta região em particular e neste período específico do século XXI é uma afirmação a dois níveis; histórico e geográfico. O novo edifício estabelece uma relação com uma prática desaparecida há muito tempo. Abrindo uma nova percepção onde a cultura local é vista não apenas no seu contexto atual, mas também relacionada a tradições antigas.