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Arquitetos: acau architecture
- Área: 7070 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Marcel Kultscher, Enric Rovira Ferrer
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Fabricantes: Hunter Douglas, Arquivo Contemporâneo, AutoDesk, Bontempo Brasília, Carminati tapetes, Danilo Vale, Deca, Decortiles, Divino Galeria, Docol, Estilo em Pedras, Hunter Douglas Architectural (Europe), Líder Interiores, Sallva

Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto localiza-se no parque Rigot, em Genebra, ao longo da Avenue de France e ao lado da Escola Sismondi. A escolha desta localização foi impulsionada pela necessidade urgente de acomodar temporariamente 370 imigrantes. Os dois edifícios simétricos de 5 pavimentos são constituídos por 230 módulos pré-fabricados em madeira. O acesso aos apartamentos é feito através de uma galeria aberta sobre o espaço público central, que conecta a paragem do eléctrico Sismondi ao parque Rigot. Através de seu processo construtivo, o projeto visa limitar o seu impacto ambiental a várias escalas. Os edifícios serão desmontados e realocados num período de dez anos e o local restituído ao seu estado inicial. Tendo em conta esta realozação e a reciclagem dos materiais após a intervenção, as fundações são feitas em madeira, de maneira a poderem ser reaproveitadas, através de uma rede de estacas e sapatas em madeira que reduz o impacto do projeto no solo. Esta construção totalmente “seca” evita qualquer contaminação da rede de águas durante a construção.

O projeto antecipa as especificidades de uma população que não apresenta sistematicamente o perfil familiar típico de um casal heteroparental com dois filhos. Para responder ao aumento e à diminuição da procura e às mudanças de residentes, o projeto propõe tipologias evolutivas. O sistema modular permite que, através de um só módulo se possam variar as unidades habitacionais de 1 a 6 quartos através de um jogo de portas corta-fogo e de uma cozinha que permite facilmente a conversão do espaço em quarto.



A modularidade dos apartamentos e a flexibilidade das tipologias permite também que o edifício possa ser convertido e albergar outros programas, como um hotel ou moradia estudantil. Para além disso, após a sua desmontagem e montagem em outro local, o carácter modular do projeto não restringe a forma e volumetria futuras, podendo-se imaginar ser reconstruído um ou vários edifícios com diferentes volumetrias. A pré-fabricação e a entrega dos módulos acabados foi decisiva para a calendarização da obra. Esta organização que planeia três estaleiros de obras em paralelo (fundações / pré-fabricação dos módulos / montagem e acabamento) permitiu que o projeto tenha sido executado num curto espaço de tempo.

A utilização de madeira das florestas de Genebra para as fundações e para os revestimentos de fachada foi imposta desde o inicio, o que levou a um processo que envolveu os fabricantes locais de madeira, reduzindo assim a “energia cinza”. Estima-se a utilização de 3200m³ de madeira certificada “Label Bois Suisse” (antiga COBS), com exceção das esquadrias em madeira de lariço estruturais que consolidam a fachada. A ideia que o edifício revelasse a estrutura de madeira foi uma premissa, numa afirmação sobre uma estética racional que reflete a essência do projeto. A composição da fachada foi modelada a partir de uma só dimensão de tábuas. Estas tábuas todas iguais, de madeira bruta sem tratamento, são utilizadas como revestimento de fachada e também nas galerias.
