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Arquitetos: Estudio Flume
- Área: 102 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:German Nieva
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Fabricantes: Amanco, Blender, Casa da Madeira, Deca, Forlux, Freecad, Glight, Ibrap, Librecad, Lorenzetti, Ourolux, Paloma pré-moldados, Suvenil, Tigre, Tramontina
Descrição enviada pela equipe de projeto. Ampliação e reforma de fábrica para produção de farinha de coco babaçu O projeto está localizado em Serra, uma pequena comunidade rural no bioma de transição entre Amazônia e Cerrado, no Estado do Maranhão. Consistiu na ampliação e reforma de uma edificação existente que, apesar de relativamente nova, apresentava rápida degradação pelo manuseio de ferramentas de impacto, que fazem parte da rotina deste grupo de 18 mulheres “quebradeiras de coco de babaçu”. As “quebradeiras” são mulheres que coletam e quebram cocos de babaçu, manualmente, para obter óleo e farinha. A matéria prima resulta em pão, bolos, materiais de limpeza, cosméticos, bebidas e artesanato.
O projeto, buscou a melhoraria das instalações, ampliando a construção existente, atualizando materiais e reorganizando o layout interno para atender às exigências da Vigilância Sanitária. Esta certificação é de extrema importância, para que se possa formalizar a comercialização do produto, e consequentemente, potencializar o retorno financeiro ao grupo. O projeto foi desenvolvido com o envolvimento direto das quebradeiras. As oficinas locais auxiliaram na identificação das necessidades e expectativas de cada mulher em relação à reforma, seja na escolha dos materiais, como na reorganização da área produtiva, resultando numa obra, realizada em dois meses, que garantiu a qualidade do espaço de trabalho, refletindo no aumento da produção. O projeto incorpora uma área de acesso com a função de antessala e/ou varanda, num espaço de socialização entre as quebradeiras e a comunidade. Esta área sombreada é delimitada por uma jardineira, aos cuidados das quebradeiras. A porta da fachada frontal, foi retirada e substituída por elemento vazado, criando uma ventilação permanente, arrematada por um banco e gerando a comunicação entre interior e exterior. A estrutura da ampliação lateral é de madeira, sendo a cobertura em polipropileno translúcido, que permite a passagem de 70% da luz natural, enquanto bloqueia a radiação solar. O piso é cimentício, com inserções de cerâmicas resgatadas das demolições parciais.
Os tanques para a limpeza e manipulação dos cocos de babaçu, foram construídos com tijolo maciço de cimento pré-moldado, sendo o acabamento interno em cimento queimado, garantindo a estanqueidade. As peças construídas foram resultado de protótipos validados pelas quebradeiras, definidos em desenhos a partir de uma oficina conjunta com o grupo, considerando a ergonomia em função de suas medidas. A reforma da área produtiva inclui um novo forro em chapa de compensado naval, com a abertura de uma iluminação zenital que garante uma área de trabalho com maior incidência de luz natural indireta. O frágil piso cerâmico foi substituído por cimento queimado, para resistir ao impacto decorrente do trabalho delas e oferecer um melhor envelhecimento na manutenção do espaço.