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Arquitetos: Maribel Moreno Cantillo, Álvaro Bohórquez Rivero
- Área: 1050 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Enrique Guzman
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Fabricantes: Adobe Systems Incorporated, Argos, AutoDesk, Exiplast, Mitsubishi Electric, Toto, Trimble Navigation, Ventanar
Descrição enviada pela equipe de projeto. A cultura japonesa é conhecida por priorizar acima de tudo o coletivo sobre o individual. Para isso, existe uma série de padrões de conduta ou comportamento que nos ajuda a melhor entender como se dão estas relações sociais, seja entre diferentes grupos ou entre indivíduos. Fundamentalmente baseados no respeito mútuo, este código de conduta pode ser resumido em um conceito bastante simples: o “uchi-soto”.
O uchi, que poderia ser traduzido literalmente como “dentro”, representa o nosso círculo social mais íntimo, que abrange a família, amigos próximos e colegas de trabalho. Desta forma, a “família” é a base de todo o código de comportamento social japonês e o principal elemento do “uchi”.
“Soto”, que poderíamos interpretar simplesmente como “fora”, representa grupos ou indivíduos que não se encontram em nossos círculos pessoais, mas com os quais podem vir a existir algum tipo de vínculo ou relação social.
Desta forma, portanto, uchi-soto não é uma negação ou barreira, muito pelo contrário, ele constitui um vínculo entre estas duas esferas da vida coletiva ao mesmo tempo que determina um código de comportamento social.
Dois conceitos ou padrões de comportamento emergem em paralelo da noção de uchi-soto. Conhecido como tatemae-honne, onde tatemae (ou fachada em tradução literal) representa o que devemos projetar para fora, e para o qual existem claramente uma série de restrições, e honne simboliza padrões de comportamento mais livres e portanto, que se aplicam apenas dentro do nosso círculo íntimo ou uchi.
Buscando inspiração nesta rica trama sócio-cultural de padrões de comportamento, a arquitetura do Centro do Japão no Campus da Universidade de Los Andes de Bogotá, Colômbia, pretende materializar o conceito de uchi-soto, manifestando suas distintas escalas e diferentes qualidades que vão do mais público (a praça) ao mais privado (o jardim), controlando o seu grau de abertura através da transparência e das relações que ele constrói com o espaço público, definindo duas categorias de espacialidade: a familiar (miuchi), e a individual (wathasi).
Por outro lado, a noção de tatemae-honne, foi incorporada no projeto para projetar externamente uma sensação de solidez e transparência, características próprias não apenas da cultura japonesa mas também de sua arquitetura. Pensando nisso, os arquitetos conceberam o edifício como um grande bloco sólido em concreto preto – cuja textura simula a madeira carbonizada típica das construções tradicionais japonesas—, o qual pousa delicadamente sobre um volume ou caixa de vidro. Interiormente, podemos experimentar uma atmosfera mais cálida e aconchegante, principalmente devido às condições de iluminação natural e os materiais naturais utilizados.