Descrição enviada pela equipe de projeto. O Resort Ciclo da Terra é um luxuoso hotel implantado no município de Chongzhou, sudoeste da China. Formalmente definido por uma enorme e sinuosa cobertura, o edifício abriga uma série de diferentes programas, cada qual instalado em um volume independente.
Um dos principais desafios enfrentados pelos arquitetos ao longo do processo de projeto foi como implantar esta enorme estrutura em meio a paisagem rural chinesa sem no entanto, causar um impacto negativo. Em busca de uma resposta, eles compreenderam que o foco do projeto não deveria estar no desenho do edifício em si, mas em construir relações com o entorno imediato, caracterizado pela presença de pequenas casas e vilarejos.
A agricultura faz parte da história do lugar e também da vida das pessoas que ali habitam. Comumente organizados em pequenos vilarejos, as estruturas construídas da região se organizam ao redor de um lago, com áreas verdes e terras cultivadas circundando cada um dos povoados. Este tipo de ocupação do território acaba por criar um microclima agradável, oferecendo sombra e ar fresco em uma região particularmente quente do país.
Esta disposição característica e peculiar foi o ponto de partida para o projeto: um edifício concêntrico, com um pátio e áreas verdes em seu centro e cercado por terras cultiváveis, espelhos d'água para favorecer o resfriamento evaporativo e amplas coberturas e beirais para proporcionar generosas áreas sombreadas.
A enorme cobertura anteriormente mencionada se transforma assim como a imagem reconhecível do edifício à distância. Sua forma única atua como um ponto de referência para o pequeno vilarejo de Chongzhou, ressignificando este importante elemento da arquitetura tradicional chinesa. A partir disso e apropriando-se de nossas experiências prévias, procuramos projetar um edifício definido pelas vistas e eixos visuais dominantes, abrindo-se para a paisagem ao invés de encerrar-se em si mesmo.
Como resultado, cria-se uma estrutura que evoca as pinturas em pergaminho chinês. Uma estrutura única e integrada que envolve todo o edifício, mas que no entanto, quando experimentado desde dentro, se dissolve em uma infinidade de diferentes perspectivas e momentos singulares.
Apesar da complexidade de suas formas e imagens, o variado programa do edifício do resort foi organizado em uma modulação regular, permitindo minimizar os custos de execução sem estourar o orçamento inicial. Desta forma, a complexidade que define o projeto é apenas uma ilusão.
A profundidade dos volumes que definem a estrutura linear do edifício foi concebida de forma a permitir que as diferentes funções pudessem ser espalhadas pelo terreno, criando um espaço panóptico em que todos os programas podem ser facilmente identificados dentro do conjunto. Projetada de forma a criar um ciclo contínuo e sombreado, a cobertura do edifício permite que os hóspedes circulem livremente pelo Resort, encontrando ao longo do caminho os bares, restaurantes, o lobby e finalmente, os seus quartos.
Concebido em uma sequência de cheios e vazios, o programa do edifício permite que a todo momento os visitantes se deparem com diferentes vistas para a paisagem rural chinesa que evolve a estrutura do hotel. Os espelhos d'água e jardins interiores, por sua vez, enfatizam ainda mais esta conexão entre a arquitetura e paisagem.
No coração do edifício encontra-se um espaço multifuncional, um volume que se sobressai acima da linha de cobertura que define os limites do edifício. Este espaço oferece um momento de pausa, proporcionando impressionantes vistas para a paisagem e as montanhas não muito distantes dali. A cordilheira que passa por Chengdu alcança uma altura de até 5000 metros, ficando coberta de neve durante a maior parte do ano, apesar do clima temperado da região.
Como resultado desse processo, temos um edifício moderno porém consciente de sua tradição vernácula. Ao mesmo tempo, uma estrutura que não esconde suas próprias ambições e tampouco a época em que foi construída.