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Arquitetos: Natura Futura Arquitectura
- Área: 650 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:JAG Studio
Descrição enviada pela equipe de projeto. Na América Latina, foi dispensado o papel fundamental dos equipamentos urbanos como vínculo entre os cidadãos e a cidade, impedindo-os de exercer o seu direito. Esses espaços representam os princípios da vida coletiva e são uma ferramenta para produzir impactos positivos nos grupos sociais.
A cidade de Babahoyo - Los Ríos, Equador, região costeira do país, tem aproximadamente 175 mil habitantes e vivencia uma carência de equipamentos eficientes que atendam às necessidades integrativas da área urbana, ou seja, que proporcionem possibilidades espaciais, permitindo o fortalecimento de uma comunidade.
María e Carlos, um jovem casal de empresários de Babahoyo que possui uma pequena academia, decidem dar o próximo passo após vários anos de atividade. Eles se propuseram a usar parte da infraestrutura existente de sua atual casa térrea no centro urbano da cidade, trocando parcialmente seu espaço residencial para torná-lo produtivo. Como estratégia de redução de custos, foram realizadas duas ações. Em primeiro lugar, foram reaproveitadas divisórias, vigas e pilares que inicialmente se destinavam a um edifício de 4 andares, transformando-o em centro de treinamento físico. Em segundo lugar, é feita uma permuta, onde a concepção e gestão da construção do projeto são trocadas pelo acesso gratuito à academia por um tempo pré-determinado para a equipe de arquitetura. Desta forma, se reivindica a ideia de que a cidade se desenvolve a partir de decisões, acordos, trocas e empreendimentos de cada habitante.
Propõe-se domesticar os espaços de convivência social e abri-los para a rua, com o intuito de torná-la um lugar habitável e gerador de memória, onde o objetivo de se exercitar é tão importante quanto o de conhecer seus vizinhos.
O projeto foi desenvolvido com recursos limitados, onde as soluções técnicas e materiais foram concebidas à medida que se tornaram disponíveis; pode-se dizer que a limitação foi uma fonte importante de criatividade, para projetar com o necessário. Desta forma, foi incluída mão-de-obra local, materiais da região e um sistema de estruturas híbridas - entre madeira, concreto e metal - que nos permitem ajustar às necessidades e possibilidades.
O projeto é configurado e delimitado por paredes laterais de blocos de concreto e tijolo aparente. Internamente é distribuído nas atividades de musculação, dança, cardio, boxe, somados a um terraço de integração no último andar do prédio. Essa ideia de atividades heterogêneas leva à decisão de evitar paredes divisórias - exceto nos banheiros -, gerando uma conexão entre as atividades, horizontal e verticalmente. A fachada frontal evita o uso de vidros, pois é resolvida com um sistema de treliça móvel de madeira com 8m de altura, permitindo o controle da ventilação, incidência solar e chuva. Dessa forma, além do controle térmico e da segurança, os usuários são estimulados a ter um contato mais direto com o bairro.
Bardales reflete sobre a forma como os equipamentos urbanos se desenvolvem nas cidades e as condições usuais em que as pessoas se exercitam; é uma ideia que dinamiza e integra um grupo ávido por se conectar com sua cidade e suas possibilidades de gerar comunidade.