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Arquitetos: Studio Takuya Hosokai
- Área: 2643 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Naomichi Sode
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Complexo Residencial Niigata III é um edifício de apartamentos composto por 34 unidades. Implantado em meio a um tradicional bairro residencial japonês na cidade que dá nome ao edifício, o Complexo Niigata III desfruta de uma situação urbana diversa, animada por distintos programas e funções como espaços culturais, áreas comercias, universidades, instalações públicas e um parque à apenas 500 metros de distância. Concebido para integrar e potencializar este vibrante ambiente urbano, o Complexo Residencial Niigata III foi projetado para acolher diversos tipos de apartamentos. Além disso, procuramos construir relações diretas entre os espaços públicos e privados, fazendo com que o condomínio usufruísse ao máximo das qualidades urbanas presentes no bairro. Desta forma, o projeto se desenvolveu em duas frentes: de dentro para fora e de fora para dentro, considerando a importância de se definir o domínio público e privado assim como um espaço de transição entre estas duas escalas.
Por estar construído sobre o alinhamento da rua, o envelopamento do edifício desempenha um importante papel na demarcação dos limites físicos daquilo que está dentro e o que está fora, além disso, a envoltória serve como elemento de proteção operando como uma espécie de filtro urbano capaz de configurar um espaço íntimo e controlado ao mesmo tempo que se revela aberto e integrado à vida do bairro.
Desta forma, as aberturas das fachadas exteriores do edifício foram implantadas deslocadas das aberturas voltadas para o lado de dentro, impedindo a criação de uma linha direta de visão— proporcionando uma maior privacidade a medida que nos afastamos do espaço da rua.
Através da robusta estrutura composta por pilares e paredes de concreto, pudemos minimizar o impacto destes elementos no espaço interior dos apartamentos, proporcionando uma maior flexibilidade e uma transição gradual entre os espaços mais públicos e abertos para aqueles mais íntimos e protegidos.
Nosso principal objetivo com este projeto foi materializar duas escala em uma mesma estrutura: a escala humana do espaço interior e a escala urbana. Para alcançar isso, as unidades residenciais foram agrupadas em volumes de 2 à 3 pavimentos, revelando elementos de fachada com proporções semelhantes às antigas casas geminadas do bairro. A expressão formal resultante é um edifício que facilmente se adapta tanto à escala humana quanto urbana.
Apesar de revelar duas escalas contraditórias, o projeto foi concebido para manter uma sensação de integridade visual na escala da cidade. A escala urbana de um edifício de dez pavimentos, que se revela no interior dos apartamentos através de suas colunas e vigas, permite aos moradores ter consciência de que habitam um edifício residencial multifamiliar e não uma casa isolada no lote. Esta é a forma que encontramos para documentar a perda de tantos edifícios menores na região. Uma espécie de arquivo arquitetônico que carrega consigo fragmentos da história do bairro e os transporta para o futuro.
A estrutura de concreto foi concebida com vãos simples e soluções bastante econômicas para um edifício de 10 pavimentos. Como os habitantes de Niigata dependem muito do carro, muito devido ao rigoroso clima frio do inverno, concebemos o edifício sobre pilotis, liberando a maior parte do térreo para vagas de estacionamento. Desta forma, a grade estrutural do edifício foi concebida para maximizar as vagas de estacionamento no térreo. Por outro lado, a rigidez proporcionada pelas paredes de concreto nos permitiu criar lajes de transição, liberando o espaço interior de elementos estruturais indesejados. Ao trabalharmos com conjuntos de dois à três pavimentos, dispondo de paredes de concreto de dupla e tripla altura, pudemos criar generosos balanços em fachada que potencializam a forma escultórica da torre. De forma complementar, a altíssima rigidez estrutural desta solução é fundamental em um país onde os abalos sísmicos são constantes.