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Arquitetos: Christian Dávila Arquitectos
- Área: 1280 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Lucia Lugones
Descrição enviada pela equipe de projeto. La Paz é uma cidade nas montanhas. Ao longo do Rio Choqueyapu (de norte a sul e de cima a baixo) a cidade sobe por ladeiras e adentra os vales. Um desses vales é "Achumani", um bairro de classe média no qual um processo de adensamento substitui as casas unifamiliares por edifícios verticais multifamiliares.
Nesses vales, 200 metros abaixo do centro da cidade (3600 metros acima do nível do mar), a temperatura média anual varia de 2°C a 16°C, o que obriga a arquitetura a buscar o sol como objetivo fundamental. Esta condição e a sempre presente paisagem montanhosa justificam uma intensa relação entre interiores e exteriores e fazem com que a existência de terraços seja quase uma obrigação.
"Isabel" é um edifício de oito apartamentos para os membros de três gerações de uma grande família com diversas necessidades, desejos e capacidades financeiras. A fim de alcançar viabilidade para todos, os custos comuns tiveram que ser reduzidos o máximo possível. Foi proposta uma estrutura simples de concreto armado, que permitiria as melhores condições possíveis de luz natural, iluminação e ventilação nos oito apartamentos.
Tomando como base a forma e orientação do lote de 450 m² (15 X 30 metros), foram propostos quatro eixos estruturais longitudinais que definem três volumes funcionais: o primeiro, geminado ao vizinho sudeste (face menos ensolarada), contém a circulação de acesso vertical e horizontal aos apartamentos (3 metros de largura). A segunda contém entradas, circulação interna e espaços com menor área de superfície necessária (3,15 metros de largura). A terceira, a noroeste (melhor face em termos de insolação), contém as áreas de vida mais intensas com maior exigência de superfície (4,75 metros de largura + 1,00 metros em balanço).
A área para cada proprietário foi determinada com base em sua capacidade financeira. Três estratégias foram utilizadas para estabelecer essas áreas em cada unidade e para definir as divisões entre apartamentos: eixos móveis (transversais) independentes em cada pavimento; conexão vertical de áreas formando unidades duplex; deslocamento dos limites externos de certas áreas de cada apartamento gerando entradas e saídas que também deram forma aos terraços.
Uma exigência dos proprietários era que o acesso ao edifício a partir da rua fosse restrito, e o limite se deu por componentes divisórios que foram configurados da forma mais urbanística e menos agressiva possível, tornando-os tanto visualmente quanto materialmente independentes.
O edifício foi construído utilizando sistemas tradicionais e mão-de-obra comum, distribuindo recursos com base em uma hierarquia que permitiu uma boa relação custo-benefício em cada elemento. Por exemplo, pisos e outros elementos foram deixados com acabamento em concreto e móveis fixos foram projetados como elementos divisórios internos, evitando a criação de divisórias, e permitindo criar grandes janelas em benefício da qualidade espacial, com carpintaria e vidro com bons níveis de isolamento térmico e paredes externas feitas em madeira reutilizada, além do cuidado com o isolamento térmico entre áreas.
O resultado são apartamentos e áreas comuns de custo comparativamente baixo, com grande qualidade espacial e de fácil apropriação por parte de seus habitantes.