-
Arquitetos: Hermanos Goldenberg
- Área: 1737 m²
- Ano: 2019
-
Fotografias:Guido Chouela
-
Fabricantes: Aluar, AutoDesk, IDERO, Lexan, Premoldeck, TDL, Ternium
Reuso de fábrica para habitação. Em Buenos Aires, uma lei protege as fábricas construídas antes dos anos 70 que foram desativadas. A lei permite a construção no espaço interior de acordo com as regras de uso, iluminação e ventilação natural, sem alterar o volume exterior, para preservar o patrimônio arquitetônico e cultural de uma metrópole que costumava coexistir com grandes instalações. A fábrica era a união de dois edifícios, basicamente: um grande galpão com mezanino de concreto armado de 4 metros de altura e, acima dele, um galpão de duas águas com estrutura perfilada e telhado de chapa ondulada, atingindo uma altura máxima de aproximadamente 12 metros; e uma construção lateral menor de dois pavimentos em concreto armado.
Foi realizado um levantamento meticuloso e uma pesquisa estrutural para determinar como modificar e re-funcionalizar o interior do edifício sem alterar a volumetria, sabendo que, para isso, seria necessário modificar a localização de algumas colunas e construir um mezanino completo no primeiro andar. Optamos por uma combinação de aço e concreto para a realocação de colunas e reforços principais e uma estrutura de perfil de aço W e placas cimentícias para o mezanino. A busca pela preservação da identidade da fábrica foi decisiva tanto para conceber as casas como lofts quanto para a escolha e o uso dos materiais para construí-las. A chapa galvanizada ondulada do telhado do galpão abriu caminho para cobrir a frente do edifício em chapa ondulada pré-pintada branca, bem como em pátios internos, onde optamos por combiná-la com chapa de zinco natural para amplificar o uso passivo da energia solar. Dadas as altas alturas dos mezaninos, optamos pela marcenaria, que combina peças fixas de policarbonato e peças móveis de alumínio natural, montadas em esquadrias de tubo de aço de seção quadrada. Os canos de PVC expostos à vista e no mezanino acima do teto dão a impressão de entrar em um corredor técnico.
Para dividir as unidades funcionais, usamos tijolos de cerâmica com a junta à vista, pintada de cinza pérola, semelhante à cor do pavimento de micropiso, exceto para as varandas e áreas comuns em que usamos telhas pré-moldadas. As folhas onduladas enferrujadas que servem de boiserie nos corredores são aquelas que removemos dos galpões existentes e que, combinadas com os tijolos expostos à mão, as portas de acesso pretas aos lofts, a iluminação led semi-oculta ou zenital, ajuda criar essa atmosfera um pouco estranha à vida cotidiana com a intenção de nos fazer lembrar do ambiente que associamos à manufatura quase artesanal de outros tempos. Por outro lado, escolhemos a malha galvanizada eletrosoldada para a frente e as portas dos lofts do piso térreo, para as escadas, degraus e trilhos de mezanino dos lofts de altura dupla e também trilhos de vidro reforçado autoportante nas varandas.