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Arquitetos: Albert Faus
- Área: 1747 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Milena Villalba
Descrição enviada pela equipe de projeto. Uma das ações mais recentes do Ministério da Educação de Burkina Faso, perante a luta contra abandono escolar, foi a unificação de escolas isoladas em complexos educacionais que contemplam desde o berçário até o ginásio. O projeto incluí o desenvolvimento do Complexo Educacional Bangre Veenem a partir da escola primária existente na Vila de Youlou (Koudougou), incluindo a construção da Escola Secundária e de prédios auxiliares como cantina, vestiários para professores e funcionários, caixa d'água e outras áreas de manutenção. No futuro o governo municipal e a ONG precisará completar o complexo com a construção de um berçário e de uma administração central.
O governo local, junto da população, destinaram uma área de mais de 8 hectares para o complexo, com o objetivo de completar a infraestrutura. A arquitetura das escolas na Burkina Faso, tradicionalmente, são volumes com múltiplos pavimentos com funcionalidades específicas espalhados pelo terreno.
A primeira decisão deste projeto foi reduzir a área total disponível em 40%, com o objetivo de afetar os agricultores do entorno o mínimo possível. Além disso, decidiu-se dividir a terra em duas zonas, norte e sul, com uma grande praça pública entre elas, cuja função é tanto criar acesso a escola, quanto de dar passagem para as pessoas, evitando, assim, um paredão impenetrável de 500 metros.
A maior parte do projeto se concentra na área central do terreno, organizado em três zonas horizontais, das quais a intermediária é o grande vazio por onde se acessa o complexo. Ao norte fica localizada a Escola Secundária, a Administração Central e vagas de estacionamento, enquanto ao sul ficam o Berçário, a cantina e espaços de manutenção e estacionamento. A implantação deste projeto também leva em conta as majestosas árvores Néré (Parkia biglobosa) pré-existentes.
O projeto consiste na construção dos edifícios principais, Escola Secundária, Berçário e Administração, em tijolos de barro tipo CEB (compressed earth bricks) e cobertos por uma dupla cobertura, além dos edifícios auxiliares e as muretas que delimitam o acesso à grande praça, construídos em pedra.
A Escola Secundária foi concebida como um edifício independente, formado por pequenas volumetrias unificadas por uma grande cobertura única com uma abertura zenital de ponta a ponta, para entrada de luz natural e também para permitir ventilação cruzada. Essa abertura zenital é interrompida no centro, para para proteger volumes menores, e também, para abrir espaço para a pérgola que cobre a entrada ao sul.
As salas de aula são organizadas em duas linhas paralelas orientadas sentido norte sul com uma pequena assimetria causada pelo número de salas de aula existente. O volume central, da administração da unidade, nega esse alinhamento e avança apontando os acessos para as diferentes áreas. Esse desalinhamento delimita os espaços internos como uma fachada, e gera também um espaço dedicado aos professores ao norte.
Serão plantadas árvores ao redor do edifício para proporcionar um sombreamento natural e também para reduzir a temperatura e a poeira no ar. Ao mesmo tempo a pérgola da entrada, ou nos estacionamentos, serão sombreadas por videiras (Bougainvillea) .
A estação das chuvas se aproxima. Enquanto isso, as bicicletas e seus estudantes podem se acomodar debaixo da grande Néré.