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Arquitetos: ATELIER XI
- Área: 55 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Zhang Chao
Descrição enviada pela equipe de projeto. Inicialmente, os arquitetos do ATELIER XI foram atribuído a projetar um Centro Comunitário de 300 metros quadrados, uma estrutura que operasse como um novo centro de encontro e socialização para os moradores de Xiuwu, na província de Henan, além de proporcionar um espaço para a promoção da arte e cultura local. Observando a vastidão do território à serviço do Centro Comunitário (630 quilômetros quadrados), os arquitetos se perguntaram como esta estrutura poderia melhor servir à uma população espalhada em pequenos povoados. Assim que eles propuseram dividir o edifício em uma série de instalações menores, mais próximas e acessíveis.
Áreas rurais na china contam com poucos recursos e infraestruturas insuficientes, sem falar na dificuldade de acesso à informação. Assim, trabalhando em conjunto com os líderes comunitários, os arquitetos procuraram desenvolver uma abordagem estética que pudesse ser capaz de reativar estas comunidades. Por meio de intervenções arquitetônicas pontuais, o projeto visa despertar a sensibilidade dos moradores, promovendo a qualidade de vida além de aliviar a sensação de isolamento de quem mora nestes pequenos povoados remotos.
Como edifícios em miniatura implantados em meio à vasta paisagem rural chinesa, os centros comunitários de Xiuwu foram executados em concreto pigmentado, uma interpretação contemporânea da “casa na árvore”, criando espaços dinâmicos capazes de emoldurar as vistas para a paisagem, permitindo ampla iluminação natural do interior do edifícios assim como sombra e espaços abertos cobertos. Instaladas em bosques, planaltos descampados e montanhas, estas pequenas estruturas diferem levemente em sua forma e função: enquanto um edifício se apropria de uma estrutura em ruínas em um antigo vilarejo abandonado, outro se transforma em uma espécie de teatro flutuante.
No total, os sete centros comunitários foram executados em duas etapas, sendo a primeira fase composta pelo Periscope (teatro vernáculo), o Observatório (bar em uma fazenda de pêssegos) e a Casa Inclinada (biblioteca comunitária).
Chamado de “Cabana do Pêssego” justamente por estar localizado bem em meio à uma fazenda de produção de frutas, este foi o primeiro centro comunitário a ser inaugurado. Os pessegueiros com seus galhos inclinados sempre em uma mesma direção, serviram como fonte de inspiração para os arquitetos. Eles imaginaram um espaço interior recortado ou escavado à partir de uma série de arcos invisíveis, criando uma continuidade entre a terra e o céu.
Na Cabana do Pêssego, todas as aberturas são diferentes, assumindo formas diversas em resposta às perspectivas exclusivas e as condições de iluminação especificas do local: a grande janela do piso ao teto do segundo pavimento permite uma vista panorâmica ininterrupta acima das copas das árvores; a abertura circular junto à fachada sul encontra-se no eixo central do edifício, capturando imagens dinâmicas do pomar; as aberturas verticais, por sua vez, proporcionam uma sensação de maior profundidade ao espaço interior; as aberturas zenitais criam um jogo de luz e sombras sempre em movimento no interior do edifício; e a janela junto à estrada de acesso assume a forma curva dos galhos dos pessegueiros onipresentes, ressoando características específicas desta paisagem pitoresca.
Impressionado com as flores durante a primavera, os arquitetos optaram por tingir o concreto em tons de rosa. Após uma série de testes, a equipe de construção finalmente encontrou a fórmula perfeita entre a alta resistência do concreto e a suave tonalidade desejada. Como resultado disso vemos um acabamento em concreto aparente que amplifica a geometria curva do edifício. O acabamento interior, por outro lado, foi executado em fôrmas maiores, criando superfícies mais limpas e reflexivas. Com isso, desde às primeiras horas da manhã até o anoitecer, as paredes de concreto rosa do edifício revelam diferentes cores e tonalidades de acordo com as condições de iluminação natural do dia e do ano.
Com isso, os arquitetos do ATELIER XI procuraram criar um edifício que estivesse intimamente conectado com este lugar. Além do mais, eles optaram por utilizar acabamentos em bronze e maçanetas de aço pintadas de preto; como a cereja no bolo, uma árvore em baixo relevo foi incorporada na fachada de concreto.