-
Arquitetos: LADO Arquitectura e Design
- Área: 1100 m²
- Ano: 2020
-
Fotografias:Francisco Nogueira Architectural Photography
-
Fabricantes: BRUMA, Efapel, Fassa Bortolo, Kone, Navarra, Valadares
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto consiste na reconversão de uma antiga fábrica de latoaria, de quatro pisos, para edifício de escritórios. Localizado na zona ribeirinha de Lisboa, em Santos, a construção é um reflexo da história industrial de Lisboa e das tipologias sobreviventes das fábricas e armazéns do início do século XX.
Construído na década de 1930, o edifício é definido por uma estrutura regular de betão armado, com planta ortogonal, e pelo alçado principal de composição simétrica, com três vãos por piso. Tendo estado desocupado durante anos, o edifício apresentava-se no geral degradado e, no seu interior, bastante descaracterizado do ponto de vista arquitetónico. Embora com tectos particularmente altos, o espaço tinha muito pouca iluminação e ventilação natural nos dois pisos inferiores, o que era, à partida, um obstáculo para o uso pretendido.
Criar condições de habitabilidade, sobretudo potenciando a distribuição de luz natural, foi um dos principais objetivos do projecto. Dando resposta a esta questão, foi criado um novo núcleo de escadas coberto por uma grande claraboia, que funciona como um poço de luz, deixando a iluminação natural chegar a todos os pisos. As escadas foram concebidas em estrutura metálica, tendo sido utilizado gradil para os degraus, permitindo a passagem da luz para os pisos inferiores.
No miolo do edifício os pisos foram deixados totalmente amplos e não compartimentados, permitindo uma grande flexibilidade e fluidez natural do espaço. Para além da escada / poço de luz, os pisos apenas são ocupados com um núcleo de instalações sanitárias, elevador e copa de piso. Todos os espaços interiores foram acabados com betonilha afagada no pavimento, crua e durável, consonante com as características industriais do edifício. O piso de cobertura destaca-se pela manutenção do telhado de duas águas, cuja estrutura de madeira original (treliças e vigamentos) foi totalmente restaurada. Este espaço tem por isso um pé-direito generoso e uma espacialidade muito particular, sendo uma das principias memórias do edifico e do seu passado industrial.
A restante metade da cobertura é um terraço acessível, outro momento de destaque no edifício. Com acesso através de duas escadas helicoidais, uma interior e outra exterior, permite disfrutar de uma excelente viste panorâmica sobre os telhados de Lisboa e sobre o rio Tejo. Para que o terraço de cobertura resultasse totalmente limpo e sem equipamentos, foi criado um pátio rebaixado no piso inferior, coberto de gradil, para alojar as unidades exteriores de ar condicionado.
Na fachada a intervenção manteve e repôs o mais possível a composição dos elementos arquitectónicos originais, como sejam cantarias, frisos, cornijas e molduras dos vãos. Foram utilizadas argamassas de cal nos rebocos de consolidação das superfícies e posterior pintura a tinta de base de cal. Todos os vãos (portas e janelas) nos planos de fachada foram substituídos por caixilharia metálica, de acordo com o carácter eminentemente industrial do edifício.
A reabilitação respeitou a história do local, criando um espaço de trabalho mutável e multiuso que pode acomodar com flexibilidade uma grande variedade de ocupações a actividades. Tendo preservado muitas de suas características originais, o edifício oferece agora uma sensação de grandeza física e movimento.