-
Arquitetos: Studio Anna Heringer
- Área: 1153 m²
- Ano: 2016
-
Fotografias:Jenny JI, Julien Lanoo
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em três anos (2011-2014), a China consumiu mais cimento do que os EUA durante o século passado. A maioria das pessoas que agora moram em blocos de concreto viviam em casas feitas de materiais naturais. Essa tendência acontece em todo o mundo. Alternativas são necessárias para reduzir as emissões de CO2.
Estes 3 albergues mostram que os materiais tradicionais e naturais podem ser usados de formas contemporâneas: ao contrário de muitas casas tradicionais que escondem estruturas de terra por trás de fachadas falsas, este projeto celebra a beleza dos materiais naturais. O uso de materiais locais não padronizados levará maior diversidade às regiões urbanas e rurais, promoverá uma economia justa - por meio da criação de empregos - e preservará o ecossistema do nosso planeta.
Este projeto fez parte da Bienal Internacional Longquan sob a proposta de construí-lo em bambu. Para tal, 12 arquitetos foram convidados à desenvolver estruturas permanentes.
Nosso estúdio foi encarregado de 2 albergues e 1 casa de hóspedes. A estrutura dos albergues é formada por um núcleo de pedra e taipa. O núcleo hospeda todas as instalações e as escadas. Anexadas a ele estão as unidades de dormir que, por sua vez, são projetadas como abajures chineses que escurecem à noite. Em torno delas está uma estrutura expressiva de bambu trançado.
Em geral, tendemos a pensar que sustentabilidade se trata de escassez. Mas a essência da natureza não é limitação. Esses excelentes materiais de construção, bambu e terra, existem em abundância. Fazem sentido tanto do ponto de vista econômico quanto ecológico, são saudáveis para as pessoas e para o planeta. Essas edificações são uma declaração de que sustentabilidade é sinônimo de qualidade de vida e da celebração dos vastos recursos da natureza.
As técnicas aplicadas de tecelagem de bambu e taipa de pilão exigem muito trabalho, desafiam as habilidades dos artesãos locais e deixam a maior parte dos lucros para a comunidade.
O projeto quer se reconectar com a autenticidade dos bens culturais moldados a partir de características materiais, como a resistência à flexão do bambu, e com a rica tradição artesanal da China, como a cestaria. Uma das identidades culturais do Baoxi são os vasos de cerâmica. Essas foram as inspirações por trás das formas.
O sistema de energia é baseado em fontes diretas e "arcaicas" como fogo e sol, vento, sombra, plantas e o conceito de minimizar os espaços condicionados. Em vez de fazer um grande esforço econômico e de recursos naturais para controlar o clima de todas as edificações, apenas o núcleo - que hospeda as despensas - e os "casulos" são termicamente controlados. Eles são protegidos da chuva e têm opções de aquecimento ou resfriamento em um nível de tecnologia muito baixo. O fogo é utilizado como fonte de aquecimento através de um forno eficaz que também aquece a água dos chuveiros apoiados por coletores solares, criando um ambiente aconchegante nas salas comuns.
Com os recursos limitados de nosso planeta, não podemos fornecer a 7 bilhões de pessoas um habitat apropriado feito apenas de materiais industrializados. O uso de materiais naturais é vital para permitir um desenvolvimento sustentável e justo. Este projeto pode servir de modelo para uma construção simples, mas com significado e acreditando no ‘poder encantador’ que reside na autenticidade dos materiais naturais.