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Arquitetos: Studio Anna Heringer
- Área: 253 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Kurt Hoerbst, Stefano Mori
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Anandaloy é um centro de atendimento a pessoas com deficiência e encontra-se localizado em Bangladesh. A estrutura conta ainda com um pequeno atelier têxtil voltado à confecção de produtos têxteis os quais são comercializados em feiras locais.
O Studio Anna Heringer, responsável pelo projeto do Centro Anandaloy, se apropria da arquitetura como uma ferramenta para construir um mundo melhor para pessoas e comunidades carentes. Esta é a estratégia por trás de todos os projetos desenvolvidos pelo escritório alemão com sede na pequena cidade de Laufen. Não importa de qual contexto se trata, se é o europeu, o asiático ou o africano. Em seus projetos, o Studio Anna Hering costuma associar materiais locais à fontes renováveis de energia. É exatamente esta abordagem que define o projeto do Centro Anandaloy, construído em barro e bambu pelos próprios moradores da pequena comunidade de Anandaloy, em sua maioria mulheres. Assim, o novo edifício do Centro se transformou em algo muito maior do que apenas um simples projeto de arquitetura, ele tornou-se um verdadeiro catalisador do desenvolvimento econômico, cultural e social de toda a região.
O projeto do Centro Anandaloy condensa algumas das principais abordagens e soluções técnicas aprendidas ao longo do desenvolvimento de outros cinco projetos pelo Studio Anna Heringer em Rudrapur, incluindo o edifício da Escola METI. Ao contrário destas experiências prévias, entretanto, a obra do Centro Anandaloy foi gerida pela equipe de construção local em Bangladesh, incluindo as artesãs mulheres e alguns pacientes do futuro Centro. A transferencia do know-how adquirido ao longo dos anos de prática e construção em Bangladesh pelo Studio Anna Heringer foi fundamental para o sucesso deste projeto e um dos principais fatores pelo qual a equipe do escritório alemão decidiu firmar parcerias com empresas e trabalhadores locais.
Frequentemente, as dificuldades encontradas no caminho e os percalços da vida—incluso as deficiências—são encaradas pelos habitantes de Bangladesh como uma espécie de karma. Por essas razões, pessoas com deficiência não são facilmente vistas pelas ruas do país, elas encontam-se mais escondidas que incluídas. Além disso, a particular pobreza do país compele a todos os adultos de uma família a trabalhar, fazendo com que muitas das pessoas com deficiência tenham que ficar sozinhas em casa durante considerável parte do dia. Para agravar ainda mais a situação, centros de acolhida são raros no país e inexistentes e áreas rurais como Rudrapur.
Inicialmente projetado apenas para suprir esta demanda, como um simples centro de terapia, o Centro Anandaloy evoluiu ao longo do processo para incorporar a nova casa do Dipdii Textiles, um atelier local de produção têxtil gerido apenas por mulheres. O Studio Anna Heringer, com a introdução de um segundo programa complementar ao centro de terapia, procura proporcionar um espaço onde as mulheres do vilarejo possam desenvolver seu trabalho, contribuindo para com o desenvolvimento econômico e cultural da comunidade como um todo. Ele opera como uma resposta ao processo “natural” de migração para as cidades. Além disso, a ideia não era apenas construir um centro de terapia para as pessoas com deficiência, mas dar-lhes a oportunidade de aprender um ofício e conviver com outras pessoas.
Procurando evidenciar esta integração programática e também social, o acesso ao primeiro pavimento se dá através de uma generosa rampa de acesso. A primeira vista, os visitantes intrigados, parecem se perguntar sobre qual o motivo deste gesto tão magnificente? A rampa é o símbolo da inclusão, um elemento importante para garantir o acesso a todos, respeitando até mesmo as menores limitações. Como podemos melhorar a vida das pessoas com deficiência? Como fazer com que elas se sintam parte de algo maior?
Formalmente, a arquitetura do edifício se apropria da plasticidade do barro ainda fresco para forjar uma identidade forte. Estruturas de taipa são comumente consideradas pobres e antiquadas, muito inferiores as de tijolo, por exemplo. Mas nós, do Studio Anna Heringer, procuramos não nos importar com aquilo que as pessoas dizem ou pensam de um material, está em nós o dever de reinventar e apropriar-se de materiais locais para construir a melhor arquitetura possível para cada cenário. Para mostrar toda a beleza oculta e as possibilidades que a estrutura em barro nos proporciona, é preciso primeiramente entender como ela funciona para então poder explorar tudo aquilo que ela nos oferece.
A tradicional técnica local de construção em barro, a qual é chamada de “sabugo”, permite levantar paredes sem a necessidade de qualquer sistema de cofragem. Tal método permite construir paredes curvas com extrema facilidade. Por este motivo, contrapondo-se à maioria dos outros edifícios da região, o Centro Anandaloy é uma estrutura dinâmica, modelada pela maleabilidade do barro. Suas paredes parecem dançar enquanto a rampa serpenteia alegremente até o acesso do edifício. De modo simbólico, a estrutura do edifício parece nos dizer: que seja bem vinda a nossa diversidade!