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Arquitetos: Atelier Alter Architects
- Área: 472 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Atelier Alter
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto do Arquivo de Pedras Yingliang é uma obra de reforma concebida pelo Atelier Alter Architects no Distrito Artístico Internacional de Pequim, China. Concebido como um novo Museu–Arquivo, o projeto de reabilitação deste antigo armazém na capital chinesa foi desenvolvido com o principal objetivo de criar um espaço expositivo onde arquitetos e arquitetas podem consultar um catálogo de soluções construtivas em pedra em escala 1:1.
Como um dos materiais construtivos mais antigos utilizados pelo homem, a pedra segue sendo utilizada com autenticidade na arquitetura contemporânea chinesa e internacional. Entretanto, com o surgimento de novas tecnologias aplicadas à construção civil, materiais naturais como a pedra acabam relegados à um papel secundário. Desta forma, o valor imaterial que elas carregam em suas estruturas, texturas e composições, parecem estar se perdendo à medida que vão sendo gradualmente substituídas por novos materiais e soluções construtivas. De forma crítica, este projeto procura se contrapor à esta tendência “natural” na arquitetura contemporânea.
Do seu estado bruto e natural até as suas formas mais requintadas de acabamento, a pedra passa por inúmeros processos—começando com a extração de enormes volumes cúbicos das montanhas rochosas. Nosso projeto busca resgatar este momento primordial e o valor do material em seu estado bruto, incorporando uma parede de pedra de sete metros de altura no interior do edifício. Ao dissecar a pedra em seu estado bruto e apresenta-la em seu estado mais primitivo e bruto, fomos construindo um jogo dinâmico de cheios e vazios que realça as camadas sedimentares da estrutura da rocha: enquanto a parte sólida representa o espaço propriamente dito, onde estão expostos os materiais, o vazio faz menção ao espaço de arquivo, por onde as pessoas podem circular e observar o conteúdo do museu. Estas placas de pedra, muitas vezes são utilizadas como elementos de organização espacial, assumindo o papel de divisórias ou elementos de mediação entre um espaço e outro.
A fachada do edifício é composta por três diferentes camadas, as quais se sucedem no espaço de forma a construir uma narrativa. Os exemplos de pedras expostos ao longo dos espaços do edifício são amostras retiradas em diferentes etapas do processamento do material. A primeira camada, que delimita o edifício frente à rua opera como uma espécie de muro, um filtro construído com o auxílio de milhares de pequenos cubos de rocha de dez centímetros cúbicos. O acesso ao edifício se dá através de uma das três aberturas trapezoidais recortadas nesta primeira camada de fachada. As outra duas aberturas funcionam como janelas, permitindo que a luz natural penetre profundamente nos espaços interiores do edifício. Entre esta primeira fachada e a parede existente do antigo armazém, foi criado um jardim, o qual favorece a ventilação e a iluminação natural anteriormente mencionada. A segunda camada, como um mostruário de recortes de pedra, opera como um anteparo e elemento de mediação entre o exterior e o interior, anunciando tudo aquilo que o visitante irá encontrar uma vez no interior do edifício. Esta parede maciça, composta por infinitos recortes de pedra bruta, inclina-se para fora como que em uma tentativa de expor a estrutura geológica de seus elementos. A superfície bruta do material contrasta fortemente com a linha afiada do corte da pedra, revelando toda a potência deste nobre material. A terceira e última camada, é composta por uma tela metálica vazada incorporada no projeto como uma prateleira de amostras, configurando um elemento tridimensional que organiza e define os espaços programáticos do edifício como a sala de reuniões o arquivo e as galerias expositivas. Esta camada de tela incorpora ainda uma série de elementos móveis deslizantes que permitem abrir ou fechar determinados espaços, permitindo uma maior flexibilidade ao layout do edifício.
Inspirados pelas formas como as diferentes etapas do processamento da rocha se reflete na materialidade da própria arquitetura, o projeto do Arquivo de Pedras Yingliang é uma reinterpretação contemporânea de um dos mais tradicionais elementos construtivos. Ao dar forma à uma nova arquitetura, profundamente enraizada nos métodos construtivos tradicionais locais, nos esforçamos para desenvolver um projeto que encontra equilíbrio entre a escala urbana do edifício e a riqueza de seus pequenos detalhes. Construtivamente falando, o projeto se desenvolve a partir de elementos de pedra e aço, trabalhando com a suspensão e inclinação de seus elementos monumentais como uma forma de expressar a autenticidade ressignificada deste tradicional elemento construtivo. Desta forma, a rocha se torna tanto a matéria do próprio edifício quanto o pano de fundo para o espetáculo da arquitetura.
Além disso, o edifício conta ainda com um pequeno restaurante, um bar e finalmente um café junto à galeria. Junto a este espaço encontra-se a biblioteca e um pátio interno anexo. O mobiliário e os itens de decoração foram concebidos em concreto polido e finas lâminas de pedra, as quais representam o mais requintado grau de processamento do material ao qual o edifício presta sua homenagem. Para finalizar, um tapete pétreo se extende pelo piso conectando as três camadas que compõe os espaços do edifício.