Descrição enviada pela equipe de projeto. Na manhã de 26 de fevereiro de 2020 o estilista Felipe Baptista Oliveira apresentou sua primeira coleção de outono inverno como diretor criativo da KENZO, no distrito V de Paris. Neste mesmo lugar, em outros tempos, já se assentaram os romanos, René Descartes já alternou pensamentos entre a geometria e a filosofia, Pierre e Marie Curie passearam enquanto discutiam seus pontos de vista sobre a radioatividade, os situacionistas praticaram a deriva e dois jovens arquitetos espanhóis, Isabel Collado e Ignacio Peydro, se assegurariam, durante a última semana de fevereiro de 2020, que a arquitetura itinerante que criaram teria seu funcionamento adequado durante o evento.
A arquitetura deste projeto questiona a ideia de que os lugares permanecem e o tempo flui. Os arquitetos se empenharam em criar cidades instantâneas, inspiradas naquelas imaginadas por Peter Cook no Archigram. Cidades que fluíam pelo espaço tempo, movendo-se para onde a sociedade precisa delas. Antes mesmo de terminar o curso, na mesma universidade que o próprio Peter Cook dirigia, a dupla de arquitetos imaginava fachadas que voavam e se moviam pela cidade.
Muito tempo se passou desde então, porém, seu interesse de fazer a arquitetura se centralizar na vida, nos acontecimentos e não no estilo, foi uma constante para definir seu trabalho: "arquitetura é sobre vida, tudo o mais é circunstancial".
Se a coleção de outono inverno de 2020 de KENZO é uma coleção inspirada no nomadismo, na viajem, na riqueza do estar em trânsito, a arquitetura que a envolve é essencialmente nômade. É uma estrutura viva que pratica a deriva, transitando sem rumo. Em concordância também com a qualidade transformável da coleção FW20 de KENZO. Seguindo as características dos trabalhos anteriores de DOSIS, escritório fundado por Isabel Collado e Ignacio Peydro em 2006, a estrutura criada para o desfile é reconfigurável e transformável. Se adapta de maneira mais dinâmica a cada situação e a cada local. É uma estrutura viva que transmuta em função das condições do ecossistema ao redor.
Em fevereiro passado Paris viu nascer a última criação pneumática do DOSIS. Agora o mundo é um espaço latente, para recebê-la instantaneamente, por um tempo indeterminado.