Descrição enviada pela equipe de projeto. No Centro Histórico de Cuenca, no bairro de Todos Santos, caracterizado principalmente pelas padarias e seus tradicionais fornos a lenha, desenvolve-se este projeto que incentiva um uso semelhante. O projeto emprega princípios essenciais da arquitetura do passado na linguagem contemporânea, não só pela tipologia e materialidade, mas também pela austeridade formal.
A propriedade possuía uma pequena estrutura de interesse patrimonial, categorizada com valor ambiental, localizada de frente para a rua Mariano Cueva. A pré-existência era definida por uma cobertura de telhas de duas águas que se apoiava em três paredes de adobe: a fachada e as laterais. Através da utilização de técnicas construtivas tradicionais, estes elementos foram reabilitados e incorporados na proposta.
O projeto, baseado na tipologia casa-pátio, configura os ambientes em torno de um limpo pátio central que ventila e preenche o interior de luz. A construção apresenta um volume frontal de planta ligada por passadeira a um volume posterior de dois pisos cuja cobertura assume a altura, inclinação e materialidade da cobertura contígua.
Para a nova estrutura optou-se por um sistema construtivo baseado em perfis de aço, com o objetivo de reduzir a secção dos elementos estruturais, otimizando o espaço ao máximo e gerando pisos livres e versáteis. O uso de tijolo e junco proporciona calor e caráter local ao espaço, enquanto o vidro e o branco das paredes multiplicam a luz e ampliam a percepção espacial.
O pátio, um espaço aberto ao céu que convida à reflexão sobre questões inerentes ao próprio ser e à relação eterna entre o homem e a natureza, esteve presente em arquiteturas de todos os tempos, em múltiplas regiões. Exploramos essas relações para aplicá-las em diversos projetos, redescobrindo a beleza e a utilidade desse espaço.
Um espelho d'água define a superfície do pátio que é atravessada diagonalmente pela luz. Um jacarandá marca o centro do espaço, seu magnífico efeito contrastante de floração azul-violeta, a brisa que move sua folhagem, a visita cautelosa dos pássaros, o reflexo do céu e a passagem das nuvens, o som das gotas de chuva batendo na água e desenhando ondas, silêncio, eles se tornam arquitetos do projeto e refletem a vida e o tempo. Não há necessidade de mais.