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Arquitetos: João Tiago Aguiar Arquitectos
- Área: 311 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
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Fabricantes: AutoDesk, BASF, BRUMA, CIN, CLIMAR, Efapel, Havwoods, Impermax, Jorge Pires Antão, Microsoft Office, My Window, PADIMAT, SANTANA
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa de Mafra, próxima ao Palácio Nacional de Mafra, monumento nacional mais conhecido pelo convento contíguo de frades Franciscanos, é um projecto que apostou numa combinação de forças inusitada entre o passado e o presente. Para se realizar em pleno, o projecto teve em conta factores como a proximidade ao palácio-convento e a envolvente heterogénea que rodeia a moradia, bem como a fachada em ruína da antiga casa, peça-chave no desenvolvimento arquitectónico.
A ideia central foi aproveitar a fachada pré-existente em ruína; uma fachada que, quando recuperada, destacasse visualmente a nova moradia. Procurou-se, assim, encontrar um equilíbrio, dada a diversidade das casas na área envolvente e a proximidade ao monumento nacional. Construída de raiz, a Casa de Mafra aparece recuada para o interior do lote e destacada em relação à fachada em ruína, surgindo um espaço entre as duas fachadas, o que faz com que a construção antiga destaque e valorize a própria casa.
A moradia é um único volume, totalmente branco e de aparência robusta com cobertura de duas águas e três pátios, um pátio por alçado que suavizam a aparência sólida da casa ao introduzirem ritmos à construção pelas reentrâncias visíveis nos planos dos alçados e que permitiram a abertura de vãos resguardados do exterior.
A entrada principal da casa faz-se através de uma antecâmara, que medeia a fachada nova e a fachada antiga. Esta parte da casa é a mais singular pelo interesse visual que desperta ao mesmo tempo que introduz mais segurança à circulação dos seus moradores numa rua onde não há passeio.
Apesar de inserida num contexto arquitectónico diversificado, há um traço comum a quase todas as casas, ou seja, os dois pisos acima da cota de soleira, uma característica que este projecto respeitou, tendo sido acrescentada uma subcave com garagem, só possível ao rebaixar-se todo o lote a tardoz e que permitiu introduzir vãos abertos sobre a rampa de acesso à garagem. O desenho desta rampa inclui ainda um recuo na fachada norte, ao nível do rés-do-chão, alargando a travessa adjacente de forma a permitir o acesso automóvel à garagem. No primeiro piso, a planta da casa ocupa também este vazio, resultando, assim, numa zona em consola.
O muro da Tapada de Mafra, ali muito próximo, serviu de fonte de inspiração e de uma oportunidade, pois cria uma harmonia perfeita com a fachada recuperada. Para tal, a velha fachada passou por um make-up em que foram recuperadas as cantarias, ficando visível a alvenaria secular. A principal preocupação ao delinear este projecto foi criar uma casa de linhas contemporâneas, funcional e visualmente encaixada na envolvente arquitectónica, com a antiga fachada a remeter para o imaginário das casas tradicionais.