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Arquitetos: Ayutt and Associates design
- Área: 650 m²
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Fotografias:Soopakorn Srisakul , Ayutt Mahasom
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Fabricantes: Cotto d'Este, Lamptitude, Tide Metal
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa PK79 empresta seu nome de sua peculiar localização às margens da rodovia Petchkasem 79, na cidade de Bangkok, Tailândia. Implantada em meio a uma nova zona de urbanização, junto a uma dezena de terrenos baldios, a PK79 encontra-se praticamente sozinha neste bairro suburbano da capital. Neste contexto, a segurança foi a principal preocupação dos clientes e dos arquitetos de projeto. Na maioria dos casos, este problema é resolvido com a construção de muros altos e incorporação de “telas de proteção” em todas as portas e janelas da casa.
Entretanto, esta solução é algo que incomodava os proprietários, os quais não haviam sonhado com uma casa na qual eles se sentissem prisioneiros, sem mencionar o fato de que os espaços interiores e exteriores estariam completamente desconectados uns dos outros. Embora atualmente existam uma série de diferentes tecnologias para lidar com estas adversidades, a maioria dos tailandeses ainda se sente mais seguro em uma casa com grades e muros. Eles vivem confinados em casas que mais parecem com uma prisão, algo que atualmente é tão comum que ninguém mais se preocupa com o fato. Isso faz com que os arquitetos tenham que lidar com a questão da envoltória, não apenas como uma fachada mas como um elemento de proteção indispensável. O resultado do projeto da casa PK79, desenvolvido pela Ayutt and Associates (AAd), revela que este elemento indesejado pode sim operar à favor da arquitetura. Eles conceberam a envoltória da casa como um elemento multifuncional, como uma segunda pele, um elemento que cumpre infinitos papéis como divisória, parede, proteção solar e barreira de ruídos.
A equipe da AAd também procurou organizar o programa da casa em dois blocos independentes, separando a área de convívio dos espaços íntimos. A zona social foi implantada no térreo e está perfeitamente integrada com os espaços exteriores da casa e seus jardins. Este volume foi projetado como “uma caixa branca” com paredes brancas e telas de proteção da mesma cor. Grades vazadas em alumínio pintado de branco foram concebidas para desaparecer e se fundir com a paisagem externa. Desta forma, a maioria das áreas de estar podem ser facilmente conectadas ao jardim através de uma série de divisórias de correr que permitem uma abertura controlada da casa. O pátio interior, inserido entre os dois volumes principais, cria um espaço protegido e aberto onde os moradores podem desfrutar de um constante contato com a natureza. As áreas de serviço da casa encontram-se separadas dos espaços sociais pela cozinha, a qual cumpre um papel de elemento de transição no programa do edifício. Junto a área técnica encontra-se o quarto de hóspedes, o qual também conta com um pátio interior que permite uma maior privacidade além de proporcionar uma melhor iluminação e ventilação natural aos espaços da casa.
As áreas íntimas da casa ficam no pavimento superior, proporcionando maior privacidade e segurança aos seus moradores. Como um contêiner privativo, este volume foi concebido como uma “caixa preta”, a qual encontra-se protegida por uma série de painéis metálicos perfurados, cada um dos quais podem ser abertos e acionados individualmente. Como uma tela de proteção em grande escala, estes painéis foram executados em alumínio perfurado pintado de preto. O grau de abertura de cada painel reflete o grau de privacidade das funções que eles se propõe a proteger. Desta forma, eles não apenas operam como elementos de proteção ou barreira física, eles permitem filtrar a luz do sol e proteger os espaços interiores do ruído da rua, permitindo a entrada de luz natural e ventilação constante. Além disso, como uma segunda fachada, estes painéis perfurados permitem que os usuários tenham uma visão panorâmica ininterrupta da paisagem exterior quando abertos. O conceito de caixa preta é fundamental para entendermos a abordagem dos arquitetos da AAd com este projeto, um elemento formal ao mesmo tempo funcional e estético. Como resultado disso, a Casa PK79 se revela como um edifício em constante transformação, uma escultura viva que se adapta segundo as necessidades específicas de cada momento.
Além da preocupação com a segurança dos moradores, o layout do edifício foi concebido para usufruir das melhores condições de iluminação e ventilação natural. O espaço da suíte do casal e do escritório contam com um pé direito bastante generoso, promovendo a ventilação natural e facilitando o efeito chaminé em todos os espaços da casa. O balanço do volume superior também foi pensado para estabelecer uma área aberta coberta no térreo, protegendo a fachada de vidro da incidência direta dos raios de sol e também da chuva. Esses conceitos climáticos tem muito a ver com a arquitetura tradicional tailandesa, que historicamente procura desenvolver soluções para lidar com suas condições climáticas extremas, características nestas latitudes. De forma similar, o volume da casa foi posicionado de forma a melhor aproveitar o generoso jardim lateral da casa, o qual conta com frondosas árvores que funcionam como uma barreira física frente ao lote vizinho. O projeto de paisagismo, por sua vez, foi desenvolvido para complementar estas camadas pré-existes de proteção vegetal, construindo um diálogo franco entre a arquitetura e a paisagem.