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Arquitetos: Carlos Castanheira, Álvaro Siza Vieira
- Ano: 2015
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
Ligação pedonal do Pátio B do Chiado, Largo do Carmo e Terraços do Carmo
Passaram vinte anos e a recuperação do Chiado continua a ser necessária. Todas as cidades necessitam de incêndios para que se façam planos e subsequentes recuperações. O plano de recuperação da zona sinistrada do Chiado foi executado lentamente. Ficaram de fora alguns edifícios ”ardidos” e outros “não ardidos” a necessitar urgentemente de obra, como tantos outros fora da zona.
Ficou também por concluir a ligação do Pátio B às ruínas da Igreja do Carmo, ao Largo do Carmo e ao Elevador de Santa Justa. É necessário concluir um percurso de lógica urbana, refazendo o que antes existiu, revitalizando espaços abandonados, esquecidos, espaços desleixados de tardoz que também são cidade.
Passaram vinte anos desde o primeiro convite e o Álvaro Siza voltou a ser chamado para concluir esta parte do Plano e estendê-lo até ao que agora chamam Terraços do Carmo e que corresponde às plataformas existentes a nascente da Igreja e Convento do Carmo/Quartel da GNR, ocupados por casario e construções de pouca qualidade.
Passaram vinte anos e também eu me revejo de volta ao Chiado, procurando cotas, interpretando desenhos, visitando o que foi feito e o que ainda espera. O Plano de Ligação do Pátio B ao Largo do Carmo e Terraços do Carmo começou como um todo. Foram realizados acordos e protocolos importantes e iniciaram-se os estudos. Quase de seguida houve a necessidade de divisão do trabalho em duas partes: uma parte correspondente à ligação do Pátio B ao Largo do Carmo e a outra aos Terraços do Carmo.
O Plano, agora aprovado pelas várias entidades, pouco diverge da ideia inicial e definida no Plano da Zona Sinistrada do Chiado. Foram realizadas adaptações resultantes de novas premissas e de um melhor conhecimento da realidade.
O percurso é o mesmo e permitirá a descida até à Rua do Carmo ou Rua Garrett desde o Largo do Carmo, por meio de rampas, escadas e também por elevador público incorporado na recuperação do Edifício Leonel, edifício que suporta parcialmente o acesso, em ponte, desde e para o Elevador de Santa Justa.
Foi alargada a área de intervenção junto ao Edifício conhecido por Palácio Valadares ou Escola Veiga Beirão, criando urbanidade, permitindo outros percursos, maior vivência.
Simultaneamente ao trabalho de projectação, a equipa de arqueólogo e antropólogo, abria, escavava nos pontos que nos pareciam essenciais para verificar e definir cotas, existências, confirmar convicções e leituras.
O resultado foi surpreendente e confirmou convicções, obrigou a correcções de cotas e adaptações às existências.
Serão necessárias mais escavações, mais estudos para que a história complete informação, enriqueça o urbano, suporte o Plano. Seguem-se os estudos para a realização dos projectos de execução, as demolições das construções dos Terraços do Carmo e a segunda fase deste trabalho. Complexo de procuras, dificuldades e encontro de soluções.