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Arquitetos: Samantha Calzada
- Área: 400 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Bernardo Buendía Bosch
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Fabricantes: AutoDesk, Jinko Solar, Think Tim
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada em um clima tropical úmido às margens da Lagoa Bacalar no México, a proposta arquitetônica desta casa de férias mantém a conservação do meio ambiente como seu eixo principal e responde ao seu habitat usando princípios da arquitetura bioclimática.
Aproveitando o declive acentuado, a aspereza arquitetônica é fragmentada em pequenos módulos para se integrar de forma respeitosa ao terreno natural e conseguir um melhor aproveitamento das vistas do corpo d'água. Com a criação de vários níveis pequenos e específicos, era possível tocar apenas 5% da propriedade, mantendo os 95% restantes como área verde ou espaço permeável.
Uma área social, que se funde com a selva circundante, acolhe seis quartos como cabanas independentes. A fachada principal, orientada para os ventos dominantes, e a posterior, possuem um tratamento de veneziana para garantir a ventilação cruzada. O desenho em forma de "A" transforma o telhado em paredes, usando grama k'oxolaak, cultivada localmente de forma sustentável e servindo como isolamento térmico natural, sendo o revestimento principal do projeto. Os materiais utilizados são de baixa manutenção e foram escolhidos de acordo com a disponibilidade da região, buscando o equilíbrio com o meio ambiente.
A generosa altura do teto, de quase seis metros, isola o espaço do calor. As aberturas do tipo veneziana na parte superior criam um efeito de chaminé, permitindo a saída de ar quente e obtendo interiores mais frios. O projeto do telhado com uma inclinação de 60º acima da horizontal representa um ganho de calor de radiação de 60% a 90% menor. O seu desenho proporciona uma iluminação natural generosa e a inclinação frontal cria um batente que impede a incidência direta da luz solar na fachada sul, ao mesmo tempo que permite o aproveitamento máximo da vista dominante da lagoa.
Como parte do compromisso com a conservação, respeitou-se cada uma das árvores existentes e o reflorestamento e regeneração da vegetação endêmica buscou recuperar a floresta que havia sido afetada por atividades antrópicas anteriores. O projeto produz toda a eletricidade necessária e trata as águas residuais. O método de construção sobre pilotis garante a conectividade dos ecossistemas através do estabelecimento de corredores biológicos, bem como a permanência do fluxo natural de escoamento, evitando a erosão. O resultado é uma arquitetura permeável que se relaciona com a terra, o ar e a água que a rodeia.