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Arquitetos: AEU
- Área: 179 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Sergio Gómez
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Fabricantes: AutoDesk, HASSLACHER NORICA TIMBER, Trimble Navigation
Descrição enviada pela equipe de projeto. Na Colômbia, a vivência com o conflito armado impactou fortemente a vida de todo o país. A região de Montes de María em Bolívar e Sucre sofreu os horrores da violência por meio século.
O edifício foi concebido como um dispositivo itinerante para recuperar a palavra e a voz das comunidades com o objetivo de fazer da memória um caminho de reencontro, superando o medo e a dor. Este museu representa uma plataforma concreta de reparação simbólica diante dos vestígios deixados pelo conflito armado, buscando fortalecer a convivência, a organização e a mobilização social, através de diálogos e confluências de pensamento em sua itinerância através do território.
Os visitantes encontram conteúdos audiovisuais e narrações orais em um espaço que relembra as casas tradicionais da região, inspirando-se na memória e na identidade através das narrativas de seus habitantes, suas experiências em meio ao conflito e as projeções que fazem sobre seu território.
A construção desmontável de 179,15m² é feita em madeira laminada, com juntas metálicas e articulações em um sistema estrutural de pórticos perimetrais.
O projeto resolve cinco premissas importantes: custo econômico, adaptabilidade, modularidade, conforto climático e resistência sísmica.
Sua estrutura é composta de sapatas metálicas adaptáveis às irregularidades do terreno, vigas e pilares de madeira em um grid modular de 2,54 metros de largura por 2,75 metros de comprimento, persianas verticais de madeira que facilitam a ventilação e a iluminação natural do espaço museográfico interno e fechamentos de cobertura em policarbonato alveolar opalino.
O sistema modular permite a montagem e desmontagem do edifício em 3 dias, obtendo agilidade nos processos de armazenamento e transporte, facilitando sua embalagem, fato fundamental que responde de forma eficiente ao tempo de cada itinerância do museu, estimado em 3 meses.
XXVII Bienal Colombiana de Arquitetura e Urbanismo 2020.
Prêmio Dicken Castro Duque Arquitetura interior e efêmera. Relatório de avaliação: "A peça itinerante do museu associa com excelência os conceitos de receptor, conteúdo e significado para o uso proposto. Sua inspiração em habitações tradicionais cria um resultado morfológico adaptável às regiões colombianas a que se refere, fazendo com que sua implementação não seja estranha nem mesmo na praça de uma pequena cidade, onde naturalmente distingue e dignifica as condições que a inspiraram.
A transição do exterior para o interior é lenta, permitindo uma passagem suave para seu conteúdo móvel, exposto a partir de uma espacialidade que encaminha uma viagem que convida à reflexão. A estrutura da fachada que facilita a ventilação cruzada também permite uma permeabilidade visual que capta a curiosidade do transeunte, tornando-o parte dela como observador. A técnica em seu projeto e construção é impecável, é fácil de manipular e montar, além de utilizar madeira de reflorestamentos devidamente tratada.
A montagem museográfica é complexa em seu conteúdo, mas acessível à população que interage com ela de forma inquieta, certamente procurando criar novas fontes de esperança".