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Arquitetos: StudioARQBR Arquitetos Associados
- Área: 237 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Pedro Napolitano Prata
Descrição enviada pela equipe de projeto. Para a expansão da boulangérie, os clientes adquiriram o terreno ao lado da edificação existente, uma vez que a antiga casa já não suportava mais o volume de produção. Nessa casa já estava sendo empregada uma infraestrutura que nortearia o novo projeto: um container marítimo que era utilizado como estoque de refrigerados e congelados.
Tomando esta referência, concluímos que a nova edificação deveria ser um parque de containers marítimos. Se um modelo refrigerado atendia momentaneamente a questão do estoque, outros modelos secos poderiam atender ao atualizado programa de necessidades: a nova boutique e sanitários para os clientes, bem como as áreas de serviços: refeitório dos funcionários, ampliação da área de produção e escritórios.
Assim, conforme o arranjo dos containers a ser proposto, poderíamos liberar um pátio onde também proporcionaríamos uma ampliação da área de atendimento. Estes foram dispostos em dois pavimentos, além do térreo e uma cobertura jardim.
A implantação possibilitou um acesso de serviços de abastecimento e escoamento dos produtos. Também foi pensada uma conexão entre a loja existente e a nova área de atendimento, aos novos sanitários e à boutique de produtos exclusivos da casa.
O pátio interno, que agora abriga a nova área de atendimento, é um respiro no centro do arranjo, um clássico pátio central que transporta o usuário a uma nova percepção espacial: se na antiga edificação o tema existente era o de um certo aspecto bucólico francês, o novo local sedimenta uma linguagem contemporânea e racional.
Os contêineres marítimos utilizados são provenientes de descarte, poupando quase 40 toneladas de aço cortén. O arranjo das peças foi orientado para que houvesse o mínimo de intervenção necessária à estruturação, considerando que os pontos de apoio dos contêineres podem ocorrer apenas nos cantos. Nos demais pontos foram estudados reforços estruturais escondidos no isolamento térmico das vedações.
Dado o material construtivo dos containers, a transmissão térmica seria um grande problema a ser contornado, tanto no plano vertical quanto no horizontal. Para o primeiro foi dimensionado um isolamento a partir de lã vidro com uma contenção em gesso acartonado.
Já para as coberturas, outra solução foi adotada. Partindo da premissa de manter o aspecto original dos contêineres, o isolamento térmico ocorreu apenas nos que receberiam insolação direta. Externamente, sobre o plano superior, foi elaborado um sistema em camadas que variava conforme o local seria utilizado: para a cobertura ajardinada, isopor de alta densidade e lastro em pedrisco; para as coberturas técnicas (alojamento de máquinas e manutenção) isopor de alta densidade e uma camada fina de concreto magro.
Essas soluções permitiram que os coeficientes de transmissão térmica fossem extremamente baixos, melhores em relação aos que poderiam ser obtidos com as tradicionais construções em alvenaria.
Além disso, a construção ocorreu de forma quase totalmente seca, com pouca mão de obra e baixo consumo de recursos naturais. A implantação do projeto também impactou no prazo de obra, que ocorreu conjuntamente à reforma da edificação já existente, com o cumprimento de uma importante missão: a boulangérie não fechou um dia sequer.