Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício Arco Augusta, localiza-se no topo norte do quarteirão que define a parte esquerda da fachada sul da praça do Comércio. Ao longo dos anos o edifício foi sofrendo profundas remodelações, alterando qualquer vestígio da construção original, alterações que foram sendo produzidas ao sabor das exigências funcionais. Tinham sido eliminados todos os elementos importantes de caracterização da expressão pombalina e substituídos por elementos mais recentes. Assim, apresentava uma incoerência formal e estrutural, pelo que se tornou necessária uma profunda operação de reabilitação, capaz de lhe devolver a dignidade e a coerência, tratando o conjunto como uma unidade e não apenas como um somatório de partes desarticuladas entre si.
Apesar de se recorrer a uma expressão arquitetónica contemporânea, uma vez que não subsistiam elementos pombalinos que poderiam ser aproveitados, procurou-se devolver algum deste carácter original por intermédio da instalação de caixilharias de madeira com desenho adequado, da introdução de portadas de madeira, do remate de vãos com molduras de madeira, e da integração de alguma dimensão expressiva. A solução apresentada baseia-se numa distribuição dos fogos ao longo de uma galeria, ficando a escada e os dois elevadores localizados numa posição central. Deste modo garante-se que as habitações serão servidas pelos vãos que dão para o exterior. A proposta visa a reabilitação integral do edifício, procurando-se potenciar as características espaciais do existente, devolvendo integralmente o piso térreo a atividades de natureza comercial e de serviços.
Ainda no exterior foi mantida a cor das fachadas, respeitando assim as directrizes do plano de salvaguarda da baixa pombalina, não originando um momento de excepção, mas sim criando um laço e uma afinidade directa com a memória local, homenageando desta forma o lugar e o seu contributo histórico. Adicionalmente, as manutenções dos elementos definidores do seu carácter pombalino, no interior do edifício, conferem à nova abordagem contemporânea das fracções uma base histórica e riqueza ornamental única. Desde os pilares com capitel preservados nas salas, aos antigos cofres que fazem parte da história de ocupação do edifício, tudo contribui para a criação de uma composição que funciona como um todo arquitectónico. Acreditamos que a intervenção contribui para a renovação de uma zona de Lisboa bastante envelhecida no bairro histórico da Baixa. Honrando por sua vez a arte arquitetónica da cidade de Lisboa, mantendo a traça pombalina.