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Arquitetos: Prashant Ashoka
- Área: 75 m²
- Ano: 2020
Descrição enviada pela equipe de projeto. Concebida pelo escritor e designer cingapuriano baseado no México Prashant Ashoka como um refúgio para dois fora da cidade, a Casa Etérea é uma residência de 75 metros quadrados que extrai toda sua energia da energia solar. Seu fornecimento vem da coleta da água da chuva; e utiliza um revestimento ultravioleta estampado no espelho que a torna visível aos pássaros enquanto permanece reflexiva ao olho humano.
"A ideia era criar um teatro para a natureza", explica Ashoka, "por isso a sustentabilidade foi crucial para estabelecer uma integração verdadeiramente completa com o meio ambiente".
Trabalhando com a intenção de manter a paisagem intacta, a fundação da casa foi construída inteiramente de rocha coletada na montanha. E ao se valer da orientação do terreno, de um projeto de ventilação eficiente e do vidro isolante, a casa regula naturalmente a temperatura no clima semi-árido do deserto do planalto central mexicano.
O conceito da planta aberta consiste em dois volumes retilíneos que se fundem em uma interseção em forma de V de 120 graus, estabelecendo um ângulo visível através da ducha de vidro exposta.
Na sala de estar central e no quarto, as portas de vidro deslizantes de chão a teto emolduram a vista das montanhas, e ao mesmo tempo se abrem para se conectar a um pátio e à área da piscina sombreada por oliveiras e romãzeiras. Atrás da cozinha íntima, uma escada de acesso à cobertura funciona como uma lavanderia, e brises de PVC externos controlados remotamente foram adicionados para segurança e privacidade.
No interior, vigas de teto aparentes e paredes de concreto celebram o processo de construção, enquanto uma combinação de materiais como juta, couro, madeira e pedra, dá continuidade à estética natural dos móveis, incluindo uma banheira de cobre ao lado da cama.
Fortemente inspirada pelo conceito de "arquitetura emocional", cunhado pelo arquiteto mexicano Luis Barragán e pelo escultor e pintor Mathias Goéritz, a Casa Etérea consegue esta ressonância sensorial mais profunda através do uso de painéis externos espelhados para criar uma experiência visualmente abstrata e interativa. A fachada espelhada difunde o limite entre o selvagem e o estruturado, permitindo ao mesmo tempo que o volume assuma uma qualidade transitória ao refletir a passagem das estações.
Ao captar a primeira luz da manhã, a casa brilha como uma caixa fosforescente tingida de azul, em contraste com a escuridão noturna da encosta da montanha à noite. E nos tons sombrios do crepúsculo, o volume cintila contra a paisagem como uma miragem, antes de desaparecer por completo: seus limites estruturais nunca tentam alterar o ambiente em que se encontra.
Aludindo a esta qualidade do edifício, o nome "Etérea" sugere uma visão nebulosa e de outro mundo. Tanto visualmente quanto funcionalmente, o projeto assume a arquitetura como uma instalação de arte site-specific e como uma extensão do ambiente.
Ao criar um diálogo recíproco entre o edifício e seu terreno, Ashoka diz: "A luz se torna um elemento estrutural deste projeto, distorcendo a perspectiva de onde começa o espectador e termina a paisagem. Eu queria que esta interação de luz e escala evocasse um profundo senso de admiração pela natureza e levantasse questões sobre nosso papel como administradores na preservação de nossos ecossistemas."
À medida que mais viajantes buscam experiências remotas em meio a preocupações de distanciamento social, os espaços também têm a oportunidade de evoluir para inspirar uma reflexão mais profunda a respeito de nossa relação com a natureza.
De acordo com a Ashoka, tais acomodações isoladas têm o poder de nos fazer olhar para dentro: "Estes tempos nos tornaram muito conscientes de nossa interdependência com nosso ambiente. E os refúgios em lugares remotos podem nos proporcionar uma tranquilidade incomum e a oportunidade de fazer a ponte entre nós e o mundo natural."