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Arquitetos: Matt Gibson Architecture + Design
- Área: 383 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Shannon McGrath
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Fabricantes: Asko, Bamstone, Changing Parts, Dulux, Electrolux, Fisher & Paykel, LOCKER GROUP, Miele, Qasair, Smeg, Turbo, Urban Salvage, VMZINC
Descrição enviada pela equipe de projeto. A área histórica de Barrington, em Melbourne, é conhecida por ser um local de importância patrimonial, abrigando construções históricas de alta qualidade com amplos jardins - característica que auxilia Melbourne, a ser uma das melhores cidades do mundo para se viver. Ao mesmo tempo, a cidade vive um forte boom populacional, sendo pressionada a um adensamento rápido e forçando à demolição de terrenos subutilizados com edifícios históricos. Os urbanistas e arquitetos de Melbourne enfrentam o desafio contínuo de equilibrar a utilização ideal do solo com a capacidade de atender a uma diversidade de modelos de habitação, o que inclui a atualização responsável de propriedades protegidas pelo patrimônio.
Ao remover uma ampliação não original da construção, a revitalização desta casa de herança vitoriana, da época da corrida ao ouro, não teve o intuito de aumentar o tamanho da residência, nem remover deliberadamente um pedaço de seu tecido patrimonial existente, apenas reduzi-lo. O projeto reaproveitou os quartos existentes em torno de um arranjo espacial mais fluido e flexível, garantindo que o espaço não seja desperdiçado. A ampliação contemporânea desafia o conceito da construção de acréscimos de baixa qualidade, réplicas que se ligam ao tecido tradicional e, na verdade, comprometem e diminuem a integridade do original. A intervenção realizada é contemporânea e interativa, integrando e abrindo o interior compartimentado para os espaços verdes, anteriormente subutilizados, enquanto visa preservar e aumentar o significado cultural do edifício original.
O briefing, da família de cinco integrantes, buscava um projeto com uma maior conexão com o jardim, configurando um espaço ao ar livre protegido para refeições durante todo o ano e contra os raios solares, um problema perene no clima australiano, enfrentado por construções orientadas para o oeste.
O 'Hiro-En' (ou Engawa profundo), na arquitetura tradicional japonesa, é um espaço com uma varanda profunda localizado fora das salas tradicionais japonesas, entre o interior e o exterior, com a função de limitar a luz solar direta e proteger os materiais internos da degradação. O arquiteto responsável e a arquiteta japonesa, Erica Tsuda, exploraram estes conceitos no projeto.
Por meio da simulação da luz do sol e da sombra, uma série de beirais em diferentes alturas e comprimentos foram desenvolvidos deliberadamente, de forma a abrigar uma cortina externa, que permite flexibilidade ao admitir a luz do sol do norte, além de proteger contra o calor e os raios do oeste. A cortina, de malha de aço inoxidável, pode envolver completamente o perímetro norte e oeste do terraço (ou 'Hiro-En'), fornecendo simultaneamente uma proteção contra chuva e abrigo nos dias mais quentes.
A natureza escultural da cortina, configura um fluxo livre e dinâmico para o volume bruto da construção histórica. O elemento funcional fornece um embaçamento espacial revigorante - camadas e sobreposições entre o interior e exterior. Sua translucidez oferece um contraponto de exposição ou fechamento dependendo de como a luz incide sobre ele, permitindo cenários diurnos alternativos.
O processo de revitalização permitiu o ato de revelar e expor a história do edifício existente, ao longo do tempo, celebrando o vestígio dos materiais originais e a história das ampliações. Ao invés de cobrir a construção original, certos aspectos foram deixados intencionalmente expostos. O novo tecido é deliberadamente mantido afastado do antigo, de forma que as novas extensões se conectem a estrutura original suavemente através do vidro, permitindo o princípio de "reversibilidade", enquanto ilumina e integra o centro da residência. No novo anexo, os finos planos do tecido parecem flutuar, aparentemente sem suporte. Espaços e épocas são distinguíveis, mas capazes de se misturar, permitindo uma conectividade sutil. Cada espaço, embora único, mantêm o diálogo, como parte integrante da história do todo.