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Arquitetos: figueiredo+pena arquitetos
- Área: 386 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Frederico Martinho
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projecto contempla a reabilitação de três edifícios para habitação, localizados num lote comprido e estreito com frente para duas ruas da malha urbana do século XVIII do Porto.
O edifício com frente para a Rua do Almada era uma casa tipicamente portuense, em bom estado de conservação, de quatro pisos e um recuado e com fachada tardoz muito fragmentada com diversos volumes acrescentados. Um dos edifícios implantados no logradouro, com carácter de anexo, que apresentava três pisos em razoável estado de conservação. E o edifício com entrada pela Rua Alferes Malheiro, de 3 pisos com fachada frontal bem conservada em alvenaria de pedra. O interior e a fachada tardoz encontravam-se em estado de degradação avançada.
Para o edifício que tem frente para a Rua do Almada propôs-se a ampliação da volumetria para o interior do lote, de modo a dar continuidade ao alinhamento tardoz definido pela construção contígua a sul e conseguindo aumentar desse modo os ganhos solares nesse alçado. A nova fachada tardoz, reinterpretando a construção original, é composta por lajes de betão bujardado e panos de parede em reboco. Carpintarias, divisórias, estuques, pavimentos e revestimentos existentes foram recuperados sempre que possível e a ampliação tem em conta as técnicas construtivas originais, com soalho assente em vigamento de madeira maciça, divisórias leves e caixilharia de madeira. Apesar de alguma degradação e das cicatrizes causadas pelos requisitos de infraestruturas contemporâneas, foi possível preservar as pinturas a imitar mármore da escada original.
A construção existente que ocupa o interior do logradouro, é um testemunho da actividade industrial que existia no interior de quarteirões. As opções de projecto procuraram respeitar essa história: os três pisos têm uma distribuição semelhante, com uma única divisão, uma escada e uma instalação sanitária. O que permite que o edifício possa ser usado tanto como habitação como para escritórios ou ateliers. Os materiais adoptados reflectem também a especificidade do edificio: desde o revestimento exterior com chapa ondulada, aos blocos de cimento, estrutura e equipamentos visíveis no inteiror que contrastam com os pavimentos em madeira e marmorite.
A construção com entrada pela Rua Alferes Malheiro, de exíguas dimensões que desafiam todas as regras de organização, encontrava-se parcialmente em ruína e teve de ser reconstruída. De forma semelhante ao edifício da Rua do Almada, o interior foi reabilitado recorrendo a linguagem e técnicas similares às existentes, com uma escada central que ocupa a parte com menor iluminação do lote. Parte da estrutura de madeira foi deixada à vista, reforçando o carácter do espaço.
Na fachada tardoz aumentou-se o vão das janelas e utilizou-se novamente betão bujardado que dialoga com os muros de granito do jardim. O edifício foi ainda ampliado com um novo piso recuado que acompanha a moda dos edifícios vizinhos. Este piso assume a sua condição de acrescento através de um sistema de construção leve em madeira revestida lateralmente a chapa ondulada, procurando a integração com os acrescentos já existentes ao longo da rua.