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Arquitetos: Nikken Sekkei
- Área: 824 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Harunori Noda, Mariko Kobayashi
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto consistiu na reconstrução do escritório e residência do proprietário, bem como na criação de um espaço comercial para aluguel, localizado na esquina de Nishi-Shimbashi, em Minato-ku, distrito comercial histórico de Tóquio. Muitos dos prédios alugados, que ocupam a maioria dos distritos comerciais e empresariais de Tóquio, agora passam por um período de reconstrução. Embora existam grandes projetos de desenvolvimento, como Toranomon Hills, ao longo das principais ruas próximas ao local, edifícios de tamanho semelhante podem ser encontrados ao longo das ruas secundárias.
O edifício ARAKAWA já contribuía para a paisagem urbana circundante, com o crescimento do negócio do proprietário. Desta forma, sua reconstrução foi focada na criação de um edifício modelo para a paisagem urbana do futuro, revisitando o potencial da construção.
Criando um atrativo à cidade.
Em muitos edifícios, a conexão com a cidade é limitada ao pavimento térreo, onde a maioria dos estabelecimentos comerciais está localizada. Por outro lado, os espaços acima do segundo pavimento são totalmente isolados do exterior através de uma fachada estereotipada. Como resultado, uma paisagem urbana sem personalidade é criada. No Edifício ARAKAWA, todos os pavimentos foram envolvidos por escadas de emergência, que neste caso, não são apenas elementos funcionais essenciais, mas também funcionam como uma “engawa” (varanda), um amortecedor externo. A ideia por trás disso foi criar uma presença que revelasse as atividades das pessoas no edifício e, ao mesmo tempo, adicionasse atração à paisagem urbana, por meio de uma relação enfraquecida com seu entorno.
Maximizando o volume do edifício com superfícies esculturais irregulares e espaços de escritório com formato regular.
Os lados sul e leste do edifício foram sujeitos a rígidas restrições de altura e recuos acima do oitavo pavimento, característicos das áreas urbanas do Japão, de forma a garantir sol e luz em ambientes residenciais voltados para ruas estreitas. No entanto, devido ao volume escultórico do edifício, moldado pela configuração das escadas de emergência, foi garantida iluminação suficiente para os ambientes envolventes, permitindo a ampliação da altura do edifício de oito para nove pavimentos, assim maximizando o desenvolvimento do volume. Mesmo que a aparência do edifício pareça ineficiente, a forma, na verdade, contribui para “garantir o máximo de espaço utilizável”, a maior vantagem para os usuários do escritório.
De modo geral, cerca de um quarto da planta de um espaço interno de um prédio de escritórios é ocupada pelo núcleo do edifício. Se as escadas de emergência estivessem concentradas em um local convencional, áreas maiores do pavimento poderiam ser protegidas ao custo de espaços com plantas de forma irregular, que tendem a ser difíceis de utilizar em muitos casos. Por outro lado, ao expor as escadas de emergência para as fachadas sul e leste, um espaço de forma regular e de fácil utilização é configurado no interior, de um volume de forma irregular.
Maximizando o espaço ao utilizar todos os elementos estruturais.
De modo a projetar racionalmente um edifício, em um local com muitas restrições, todos os componentes foram utilizados como elementos estruturais. Com uma pegada diferente para cada pavimento do edifício, um sistema de vigas planas foi aplicado para sustentar o longo eixo, e evitar que os elementos estruturais dividissem o espaço. Como a posição das vigas planas difere em cada nível, o pilar no canto sudeste, se transforma de acordo com a localização das vigas de conexão, desta forma, o espaço interno foi maximizado, enquanto a altura entre pavimentos foi reduzida. A coluna foi exposta internamente e, por assumir uma expressão diferente em cada pavimento, foi chamada de “totem”. Diversas paredes e escadas, que são tipicamente não estruturais em edifícios convencionais, atuam aqui como membros sísmicos ou de reforço, para maximizar os espaços internos com formato regular, bem como para criar um espaço "engawa".
Projeto de iluminação para criar uma sensação de "ampliação".
Para ajudar os espaços de escritório a parecerem mais espaçosos, as lajes de concreto aparente do escritório do proprietário (sexto ao oitavo pavimento) foram iluminadas, utilizando um novo sistema linear desenvolvido pela combinação de luz e componentes de downlight, de forma a iluminar a laje. Por meio da combinação de acessórios e componentes existentes, ao invés de peças sob medida, o reparo e a manutenção foram facilitados pela simples substituição das peças com falha. Para os pavimentos de escritórios alugados (segundo ao quinto pavimento) foram executados forros, no entanto, as luminárias lineares foram montadas diretamente na superfície, proporcionando uma camada brilhante de forma semelhante aos pavimentos superiores.
Relação com a cidade e seu entorno
O volume dinâmico do edifício, caracterizado pelas escadas de emergência e varandas, configura um efeito de sombreamento para as aberturas dos pavimentos inferiores. Como resultado, a luz natural indireta entra pelas pequenas aberturas sem a necessidade de persianas. Além disso, as vistas emolduradas fornecidas pelos recortes, evocam uma sensação de antecipação em relação ao mundo exterior, como olhar para uma obra de arte. Ao mesmo tempo, as diferentes vistas e um diferente senso de conexão com a cidade em cada pavimento, produzem a ilusão de estarem frouxamente entrelaçados em toda a paisagem urbana. Em conformidade com a Lei de Padrões de Construção Japonesa, apenas janelas fixas resistentes ao fogo, de no máximo 1 m² de tamanho, foram utilizadas a 2 m das escadas de emergência. Além disso, a entrada de emergência (entrada alternativa), bem como restrições nas paredes de suporte de carga para o projeto estrutural, foram necessárias para garantir o número máximo de janelas efetivamente utilizáveis.
Muitos edifícios em Tóquio estão próximos ao fim de sua vida comercial e precisam ser revitalizados. Acreditamos que se cada edifício buscar a relação com o entorno, conduziremos a uma cidade mais atrativa e habitável. Independentemente do tamanho, muitos edifícios devem abordar "o equilíbrio entre a área útil máxima, rentável e a segurança para emergência". Eles também devem abordar "formas diversas e ativas de se relacionar com a cidade", como edifícios únicos, que estão intimamente ligados à comunidade local.
O Edifício Arakawa buscou resolver esses dois problemas com uma proposta diferenciada, ao propor um formato e uma abordagem estrutural inovadora. As escadas externas expostas tornam-se um local de relaxamento, além de adicionar uma nova expressão e interação com a cidade. O edifício utilizou o potencial de cada elemento, revelando as atividades dos seus usuários nas fachadas. Nossa intenção é que a fachada dinâmica, incorporando atividades humanas, também crie uma expressão na paisagem urbana.