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Arquitetos: Laurent Troost Architectures
- Área: 1586 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Joana França, Laurent Troost, Alex Pazuelo
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Fabricantes: OMP do Brasil, ROCHA Aluminium, Rainbird, Unifloor, mm cité
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Casarão da Inovação Cassina abriga espaços para fomentar o coworking e o encontro de fazedores da economia digital: espaços multifuncionais, salões, salas de reuniões, laboratórios, salas de formação e um restaurante no último piso com vistas privilegiadas sobre o centro da cidade.
Construída em 1896 e em ruínas desde 1960, as fachadas degradadas assumidas pela vegetação geraram uma imagem poderosa e importante de tratar. A beleza da imperfeição da ruína suscita interesse, questionamentos e convida à reflexão sobre o passado e a ação do tempo e do homem na cidade e sobre o patrimônio construído de uma forma geral. Não é atoa que a imagética da ruína, com suas potencialidades poéticas e plásticas, foi explorada por inúmeros artistas e arquitetos: Piranesi, Gordon Matta-Clark, Robert Smithson, Lúcio Costa (Museu das Missões), Paulo Mendes da Rocha (Pinacoteca de São Paulo e Capela Brennand) e Ernani Freire (Parque das Ruínas), para citar apenas alguns.
No caso do Cassina, a preservação do estado de ruína tornou a intervenção um manifesto por ser também a última fachada com argamassa pigmentada com pó de arenito vermelho. Para tornar visível esta especificidade e paralisar a sua degradação, foram realizados minuciosos trabalhos de restauro.
Ainda relacionado ao imaginário das ruínas, o Cassina abriga um exuberante jardim atrás da fachada principal. Quem acessa o prédio pela passarela que atravessa o vazio sobre o jardim lembra a razão intrínseca de Manaus: a floresta amazônica. Este exuberante jardim tropical, associado a vidros, transparências e reflexos, mistura a História da ruína de Cassina com o Futuro da Casa da Inovação em um espaço associado à tecnologia, virtualidade e contemporaneidade.
Em termos de sustentabilidade passiva, além da ventilação cruzada em todos os andares devido à largura reduzida do edifício com a inserção do jardim, o Cassina apresenta um vão ventilado entre a laje e o teto do restaurante, além de amplos beirais em todas as direções , garantindo um ambiente termicamente confortável. A fachada leste, atingida pelo sol nascente, recebeu molduras contemporâneas com aletas de vidro temperado para criar uma fachada ventilada de dupla face, mantendo o calor do lado de fora.
Por meio da inserção de uma floresta tropical e de uma estrutura de aço industrial nas ruínas de uma casa histórica, o Cassina é a síntese dos ciclos econômicos de Manaus: a era da borracha, seu declínio, a era do Distrito Industrial e a era da nova economia digital.