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Arquitetos: Viraje arquitectura
- Área: 471 m²
- Ano: 2020
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Fabricantes: A Mano Alzada, Arkoslight, BANDALUX, Bosch, Inalco, Keraben, Nuovvo, Onix Mosaico, Rocal, Salgar, TEJAS BORJA, Tres
Descrição enviada pela equipe de projeto. Numa vasta área de extensos campos de cultivo, com plano de fundo para as vistas da Tramuntana, nasce uma casa, concebida como refúgio. Um lugar para se abrigar do sol e do vento, em uma região onde a sombra é escassa e onde tudo está em ordem. Um espaço onde a arquitetura valoriza e enfatiza o terreno onde está implantada.
O projeto está localizado no município de Sa Pobla, uma das zonas rurais de Maiorca. As conotações rurais marcam o caráter do projeto desde a sua concepção.
A casa está implantada num extenso lote agrícola, que faz parte de um conjunto de parcelas rurais, nas quais os edifícios surgem como pequenos pontos na paisagem.
Desde o primeiro momento, a identidade do lugar marcou o desenvolvimento do projeto, tanto pela sua morfologia como materialidade. Paredes de concreto que funcionam como fortaleza, e que se fundem com os trabalhos manuais. A dualidade entre inovação e tradição é um ponto-chave na proposta.
O projeto é compreendido por uma cobertura que se dobra e se expande longitudinalmente, configurando sob ela os diferentes espaços da casa, beirais e pátios cobertos. Estes ambientes conectam o interior e o exterior em todos os momentos, além de emoldurar e focalizar as vistas dos campos ao redor e da Serra Tramuntana.
Concreto. Madeira. Cerâmica.
A fachada é opaca e contundente. A cerâmica serve de pretexto para ligar a casa ao local e dialogar com a arquitetura rural. De forma controlada, o interior é exposto para o exterior através de uma parede de blocos cerâmicos vazados com altura total. É este elemento cerâmico que acolhe o usuário e qualifica o acesso ao interior, com um jogo de luzes e sombras.
O solo avermelhado e argiloso, aliado à arquitetura vernácula da região, foi fundamental para propor elementos de cerâmica crua, que permitem oferecer a identidade e as sensações do projeto. Pretende-se com isso que, com o passar dos anos, a cerâmica adquira a pátina do tempo, e que sobre ela, atuem agentes externos e bolores, fundindo-se ainda mais com o lugar, e enraizando o edifício até ao solo.
No interior, a ligação com o exterior é obtida através da continuidade espacial dos forros que repetem os planos das coberturas inclinadas ao longo do projeto, conferindo personalidade a cada um dos quartos. Estas coberturas conectam o interior a uma série de pátios e os beirais fundem a casa com o exterior. Ao escolher materiais e cores em tons de cinza, consegue-se no interior um carácter mais contemporâneo, afastando-se um pouco do aspecto rural.
Tal estratégia enfatiza ainda mais a dualidade entre tradição e inovação que havia sido buscada desde o início. É, portanto, um projeto pensado desde sua inserção, com uma forte ligação a ela. É um refúgio para desfrutar e viver um ambiente tão característico e peculiar, como o meio rural de Maiorca.