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Arquitetos: Mínimo Común Arquitectura
- Área: 240 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Daniel Ojeda
Descrição enviada pela equipe de projeto. Recebemos o pedido de construção de um escritório em Curuguaty a 350 km da capital do Paraguai, Assunção, em uma área agrícola e pecuária. Eis o dilema de como construir no meio do nada.
Tentaremos ordenar os processos em 5 ideias, que refletem a intenção que tínhamos ao projetar:
1- Solo: Primeiro, tínhamos que controlar a terra de forma sutil. Imaginamos uma linha na paisagem, que nos permite observar o que se passa ao nosso redor, nos proteger de outros animais e insetos e protegê-los. Para o qual fizemos um movimento que nos permitiu estar a 1,5 metros do solo, uma plataforma.
2- Cobertura: Uma vez alcançado o controle do território, projetamos uma sombra. Como a primeira condição necessária em um clima em que 45 graus Celsius é uma coisa cotidiana.
Uma sombra que protege a construção, direciona os ventos e recolhe as águas, para que no seu próprio processo de construção possa servir de abrigo aos trabalhadores e, posteriormente, salvaguardar a interação das pessoas sob ela.
Assim que entendemos a importância da sombra, pensamos em como poderíamos torná-la leve e econômica. Encontramos nos cabos um elemento muito eficiente.
A catenária sorria para nós.
A estrutura funcionaria como um diagrama de momentos fletores, os perfis IPN nas pontas funcionariam apenas na compressão e os cabos de tração proporcionariam 45 metros de luz com a simplicidade de um traço no ar.
3- Materialidade: Na construção dos escritórios não tínhamos muitas opções de materiais. Construímos os escritórios inteiramente de terra, fabricando cada tijolo no local, com o uso de uma prensa. Carregamos apenas os materiais que não podiam ser destruídos no caminho, ferro, corda e cimento. O resto nos proveria o terreno.
4- Brise: Proteger-nos do sol e dar privacidade aos escritórios era a necessidade imperativa. Por dentro, na proximidade das paredes, entenderíamos a paisagem de uma forma diferente. Do horizonte, a vida diária dentro dessas paredes transparentes se perderia nas sombras.
Este elemento foi construído com o mesmo material das paredes, de terra, mas desta vez sem cimento. o que nos permitiu apagá-lo com água, deixando apenas as linhas da argamassa, como seria com o passar do tempo. Devolvemos a terra mais uma vez ao solo. À vida.
5- Água: Aproveitando a curva da catenária recolhemos a água da chuva em um recipiente, permitindo reaproveitá-la, bombeamos até o ponto mais alto das telhas e depois distribuímos e assim resfriamos todo o telhado, em um circuito constante de geração de microclima frio e úmido, para humanos e plantas que com o passar do tempo acabarão assumindo todo o projeto.
Esta breve descrição, sincera e sem muitos preâmbulos é a nossa declaração de amor e intenções pelo mundo, escrita em pedra ou tijolo ou melhor, em terra.