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Arquitetos: Matheus Farah + Manoel Maia Arquitetura
- Área: 1500 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Fran Parente
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Fabricantes: Amata, Rewood
Descrição enviada pela equipe de projeto. O escritório Matheus Farah e Manoel Maia é autor do primeiro e mais alto edifício em madeira construído no Brasil, localizado na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Projetado para abrigar a loja conceito da marca de chocolates Dengo, o prédio tem quatro pavimentos e foi inteiramente estruturado em madeira, feito inédito para a arquitetura e mercado construtivo brasileiros.
A edificação utilizou lajes em madeira CLT (Cross Laminated Timber / Madeira Lamelada Colada Cruzada) produzidas pela Amata e pilares e vigas em madeira MLC (Madeira Lamelada Colada / Glulam) produzidas pela Rewood. Ambas as empresas são referências na indústria de madeira engenheirada. “O projeto é uma aposta na tecnologia para rever os parâmetros construtivos e mostrar que é possível inovar e edificar reduzindo os danos ambientais e promovendo o desenvolvimento sustentável das nossas cidades, sem abrir mão da estética e do conforto”, diz Maia.
O jardim frontal ocupa parte do recuo de cinco metros e conecta-se com a rua através de uma passagem em nível. A volumetria é composta por cubos vazados que verticalizam o edifício e transmitem a ideia de permeabilidade a partir de subtrações estratégicas em pontos distintos da fachada. A madeira aparente, junto com a vegetação, contribuem para uma sensação de conforto e resgatam os valores da Dengo de produzir em harmonia com o meio ambiente. Transparências e aberturas, assim como o uso de tons terrosos, ampla iluminação, terraços e mobiliário em madeira acentuam essas características.
A arquitetura buscou recriar uma fábrica de chocolate de maneira atraente e didática para o público, destacando o diferencial da Dengo: o envolvimento em todas as etapas produtivas, processo conhecido como “bean to bar” (do grão à barra). Isso inclui desde a produção das amêndoas de cacau em fazendas sustentáveis do sul da Bahia, até a finalização da barra de chocolate. Para ressaltar esse cuidado, o projeto previu no térreo a instalação do maquinário original dos anos 40, restaurado para exibir in loco o refino do chocolate. O moinho é abastecido por grãos que chegam através de dutos transparentes e percorrem um átrio central, criando um encantamento e enriquecendo o imaginário do público.
No primeiro andar, na Estação Meu Dengo, clientes podem assistir à produção de itens personalizados. O primeiro e o segundo andares oferecem mesas e bancadas para acomodar os visitantes e possuem transparências e aberturas laterais que os conectam tanto com os demais pavimentos, quanto com o ambiente externo.
O piso resgata os caquinhos cerâmicos típicos das residências paulistanas dos anos 40 e 50, garimpados em “cemitérios de azulejos”. Além de prestar uma homenagem à cidade e despertar a memória afetiva, ele remete ao “quebra-quebra” produto fortemente identificado com a Dengo, cujas lojas exibem amplas placas de chocolate em nichos de vidro para serem quebradas na hora na quantidade desejada pelo cliente. “Buscamos criar um espaço onde o rústico, o irreverente, o autêntico e o artesanal estivessem em destaque, a partir de uma releitura contemporânea do uso de elementos naturais e do próprio conceito de brasilidade”, afirma Farah.