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Arquitetos: a+r ARCHITEKTEN
- Área: 515 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Oliver Gerhartz
Descrição enviada pela equipe de projeto. A organização não governamental e associação registrada Projekt Burma e. V., estabeleceu como objetivo, melhorar as condições de vida das pessoas afetadas pela pobreza em Myanmar. “Ajudar as pessoas a se ajudarem” é o lema da associação, fundada em 2009 por Marion Mück, em Filderstadt, próximo de Stuttgart. A Projekt Burma em cooperação com parceiros locais já realizou vários projetos nas áreas de educação, saúde, saneamento, higiene e prevenção de desastres. Um deles é uma escola em Thazin, inaugurada em 2014. A escola foi o primeiro edifício projetado pela a + r Architekten, por encomenda da ONG, na qual o escritório também teve a oportunidade de auxiliar na implantação local.
Acesso inadequado ao sistema de saúde.
Na inauguração da escola secundária em Thazin, o prefeito e dois membros da comunidade da aldeia Magyizin abordaram a associação. Eles viajaram seis horas em um barco de pesca para pedir ajuda pessoalmente. Eles descreveram enfaticamente a situação da aldeia na escassez de assistência a saúde, o centro de saúde existente estava arruinado e equipado de forma inadequada. O hospital mais próximo ficava a mais de três horas de distância de motocicleta, uma distância irracional para pessoas gravemente doentes ou grávidas. Após uma visita in loco, a direção da associação decidiu que a construção de um hospital deveria ser o próximo projeto em conjunto.
Agenda de quartos abrangente.
Após quase cinco anos intensivos de planejamento, arrecadação de fundos, aquisição de materiais e construção, o hospital foi oficialmente inaugurado em fevereiro de 2020. Com 20 leitos, uma sala de cirurgia totalmente equipada, uma sala para partos e um laboratório, o local atende agora cerca de 20 comunidades e 20.000 pessoas, funcionando como um hospital central para a região. A maior parte do equipamento hospitalar chegou por contêiner da Alemanha, por iniciativa da Projekt Burma e.V., sendo doado por instituições e médicos alemães.
Uma colina do lado da aldeia, voltada para o mar, foi o local escolhido para a nova construção. Graças à sua posição elevada, o edifício também serve como refúgio seguro durante tempestades tropicais e tsunamis. A a + r Architekten projetou um volume térreo com um pátio central, que serve como edifício principal. O pátio interno protegido é o coração do edifício; funcionando como uma área de estar e um espaço comum. Agrupados em torno dele estão os quartos dos pacientes, as salas de tratamento, instalações dos funcionários e o ambulatório. Para minimizar a transmissão de doenças, a área de espera fica ao ar livre. O eixo lateral linear com seu teto monocromático distinto é acessado através de uma pérgula. O local abriga uma enfermaria de isolamento com quartos adicionais para pacientes infectados, cozinhas para auto-serviço (comuns em Myanmar), bem como depósitos, lavatórios e instalações sanitárias.
Inspirada em métodos de construção locais.
Em viagens pelo país, os arquitetos estudaram os métodos tradicionais de construção. Assim como a escola em Thazin, os arquitetos projetaram o hospital conforme a típica "estrutura de entalhe de tijolos" do país, utilizando uma estrutura esqueleto com preenchimento de tijolos. No caso do hospital, o esqueleto de suporte foi construído de concreto armado, para obter maior estabilidade e proteção contra a infestação de insetos. Características arquitetônicas notáveis são o sombreamento móvel, os elementos de proteção contra chuva, feitos de ripas de madeira, e a construção da cobertura do pátio, com uma empena redonda no cume. Em composição, os dois elementos garantem ventilação constante - um dos principais problemas ao construir em um clima tropical. A parte inferior da estrutura da cobertura foi feita de treliças de madeira, sendo amplamente coberta com esteiras de bambu trançado. Desta forma, o fluxo de ar circula pelas janelas abertas atrás das venezianas articuláveis, para cima através da treliça de bambu e retorna para o exterior através de venezianas de ventilação no topo da empena. “Há uma corrente de ar agradável em todo o edifício”, diz Julia Raff, a arquiteta do projeto, explicando o princípio básico simples, mas eficaz da ventilação cruzada. Como não há empresas de construção na área, o prédio foi construído em grande parte por moradores sob a orientação de um carpinteiro.
Um local em construção.
Os moradores também participaram ativamente da construção do hospital, oficialmente denominado Hospital Projekt Burma. Por exemplo, os habitantes coletaram pedras na praia para nivelar a bacia central do pátio interno. Em caso de chuvas fortes, a água pode escoar de forma controlada através desta superfície. Em alguns anos, uma muda de árvore no meio da bacia fornecerá sombra adicional. Durante a construção do novo hospital, o governo de Myanmar financiou adicionalmente uma casa para médicos e equipes de enfermagem. Assim, a aldeia de Magyizin está se transformando em uma referência de saúde para toda a região. Durante a pandemia de Covid-19, o hospital também foi utilizado como centro oficial de quarentena. Desde a eclosão da recente agitação política em Myanmar, jovens feridos nos protestos foram tratados no Hospital.