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Arquitetos: DARP - De Arquitectura y Paisaje
- Área: 3 m²
- Ano: 2020
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Fabricantes: Hunter Douglas, Adobe, AutoDesk, Corpacero, Holcim, Tecnoglass, Trimble Navigation, Ventanar, iGuzzini
Descrição enviada pela equipe de projeto. Bogotá, capital da Colômbia, está localizada no centro do país a 2.600 metros acima do nível do mar, ocupando o território conhecido como "Sabana de Bogotá", planalto que faz parte da cordilheira oriental dos Andes. A capital é limitada na parte oriental por um sistema montanhoso conhecido como colinas orientais e no oeste pelo rio Bogotá, local que há 20.000 anos era ocupado por um grande lago, que unia as colinas e o rio. Hoje restam apenas alguns vestígios desse antigo lago, já que a cidade drenou maior parte das áreas úmidas para o desenvolvimento urbano, passando de 50.000 hectares no início do século XX, para apenas 727, correspondente a apenas 1,45% da área original. Esta deterioração se deve em grande parte à ignorância generalizada da importância das áreas úmidas para o ecossistema.
A riqueza ambiental do país contrasta com os altos níveis de desmatamento e exploração de matérias-primas. A mineração ilegal, a pecuária extensiva e a extração indiscriminada de madeira são alguns dos maiores problemas, bem como as altas taxas de espécies ameaçadas de extinção, que colocaram a Colômbia atualmente, na lista vermelha dos oito países responsáveis por metade da deterioração do planeta. Como estratégia de conservação e proteção dos ecossistemas, o Jardim Botânico de Bogotá desenvolveu a iniciativa "Nós da Diversidade", um ambicioso projeto que visa realizar uma nova expedição botânica por diferentes áreas do país e que irá proteger e valorizar, alguns dos ecossistemas mais ameaçados do território colombiano.
O Tropicário, como é chamado o projeto, é a principal infraestrutura desse plano, e será o espaço para expor e divulgar os resultados dessas expedições. O projeto está localizado nos destroços de uma antiga estrutura, que se encontrava em alto estado de degradação. O local de implantação foi determinante para a conservação das palmeiras de cera, uma espécie declarada árvore nacional, em perigo de extinção e de crescimento muito lento. Essas palmeiras vivem por mais de 100 anos, atingindo alturas de até 70 metros, em torno do Tropicário, existem mais de 70 palmeiras desse tipo na fase adulta. Tal fato levou a necessidade de utilizar um sistema de formas flexíveis, para não afetar as árvores.
Outra condição importante era a integração com a estrutura do Jardim Botânico e sua futura vocação educativa e de divulgação. O Tropicário faz parte do percurso geral do Jardim Botânico, a arquitetura proposta foi gerada a partir de uma caminhada, portanto não poderia ser pensada como uma construção fechada por paredes. A questão inicial foi: como se relacionar com a paisagem da "Sabana de Bogotá"? Esta condição exigiu que o projeto funcionasse como um espaço de divulgação e ensino sobre os valores ambientais e as ameaças que este território enfrenta, de forma a contribuir para a cultura da paisagem local. A resposta envolveu a compreensão do edifício como um sistema, com partes relacionadas que compõem um todo.
Conceitualmente, buscou-se que as diferentes áreas do programa funcionassem como espaços flutuantes, dentro de uma área úmida, do ecossistema da "Sabana de Bogotá". Para isso foram aplicadas importantes referências da arquitetura anfíbia desenvolvida pela engenharia pré-hispânica (Chinampas, Camellones, Ilhas Flutuantes). O projeto é composto por seis setores: floresta úmida, floresta seca, coleções especiais, plantas úteis, superáramos e biodiversidade, cada espaço possui requisitos específicos de altura, temperatura e umidade, além de funcionarem como módulos "flutuantes", articulados através de um Pantanal Artificial, coleção proposta pela equipe de projeto, desde a competição.
Foi promovida a utilização de sistemas passivos de controle de temperatura que dispensam sistemas de ventilação mecânica, utilizando vidros de diferentes espessuras, filtros e sistemas automatizados de abertura de algumas áreas para controle de temperatura. Cada uma das estruturas foi proposta como um receptor de água, na qual um óculo foi incorporado em sua parte superior, para captar a água da chuva, e conduzi-la para lagos localizados no interior dos espaços, de onde passa para o pântano artificial perimetral, que funciona como um grande parque/reservatório de água, que é usado para os sistemas de irrigação de vegetação, criando um ciclo fechado. Um sistema de eclusas, espaços de transição entre os diferentes setores, permite ao visitante deslocar-se de um espaço para outro, preservando as condições de temperatura exigidas para cada ambiente, dentro de cada estufa se localizam os comandos técnicos dos espaços e as saídas de emergência necessárias. A emergência ambiental que vive o nosso planeta faz com que seja necessário que o projeto público, seja pensado a partir da lógica urbana e ambiental de forma simbiótica, de forma a salvaguardar o patrimônio ambiental de todos.
O Tropicário tem um compromisso com a construção de uma cultura paisagística na qual, a partir do local, se transmita uma mensagem de urgência global. O sistema estrutural foi baseado em estacas de concreto cravadas a 30 metros de profundidade do solo, localizadas no perímetro das estruturas, o objetivo desse sistema era liberar o solo no interior dos vãos, para possibilitar áreas de plantio profundas. Ao atingir a superfície, sobre esses pilares, as paredes inclinadas de concreto foram esvaziadas, funcionando como suporte para a estrutura metálica, permitindo-lhe funcionar como floreiras no interior dos espaços, onde parte da terra pode ser contida para as plantas e para gerar mudanças na topografia, que permitem organizar as áreas de plantio das diferentes espécies. Nas paredes de concreto armado foram instalados pilares metálicos, de 30 cm x 10 cm de largura, localizados no perímetro de cada espaço, formando “cestos estruturais”, uma estrutura espacial autoportante, que permite não haver colunas em seu interior.