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Arquitetos: Antoine Dufour architectes, Buzzo Spinelli Architecture
- Área: 7089 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Célia Uhalde
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto tem três objetivos: primeiro, criar uma ligação agradável entre o porto e a cidade de Bastia; segundo, projetar um teatro de vegetação; e, por último, mas não menos importante, restaurar o jardim Romieu. A intervenção realiza-se no coração da cidade, em uma encosta muito acentuada, e expressa o objetivo de recuperar o lugar. O projeto se coloca como um meio de desenvolvimento do espaço público entre a cidade e a água. De mirantes a patamares, de escadas a rampas, de jardins a praças, o projeto multiplica os espaços de contemplação e de passeio, oferecendo aos visitantes a opção de percursos sequenciados, alternando entre aberturas no horizonte e estreitamento nas rochas, nas paredes e na vegetação.
A arquitetura se destaca como uma ferramenta para resolver e esclarecer as geometrias do local, daí a adoção de uma linguagem simples que toma emprestado das paredes contíguas sua rugosidade. A forma do elevador assemelha-se a um muro de contenção encostado às rochas, em continuidade com os parapeitos da cidadela. Os materiais são o centro do projeto. A paleta traduz-se na utilização de agregados extraídos das falésias locais para a produção de um concreto único. O material é então transfigurado.
Normalmente inócuo ou industrial, o concreto torna-se artesanal e excepcional. Neste caso, o “concreto seco” tem uma tonalidade bege-acinzentada uniforme e é moldado no local como um revestimento arquitetônico para todas as estruturas verticais e horizontais. Este concreto pré-fabricado exclusivo também tem uma aparência elegante e estampada, após um cuidado especial com as formas. Para além do seu acabamento, e sendo composto exclusivamente aos agregados locais (mármore Cipollino e xisto polido), o concreto é executado em formas dispostas a cada 16cm com uma altura de 48cm.
O concreto com suas asperezas e matizes, reflete assim profundamente o local e remete à identidade das rochas sobre as quais se apoia o projeto. A ausência de transporte ou importação, e a extração de materiais são uma escolha econômica responsável que beneficia a execução e o trabalho manual. Esta ancoragem do projeto ao território da Córsega pelos seus materiais, implementa uma mistura do saber fazer e da longa duração, ao mesmo tempo que testemunha um compromisso geral com a arquitetura contemporânea; que por sua vez se articula em torno dos valores da modéstia, da natureza exigente e da responsabilidade social e ambiental.