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Arquitetos: Studio Anna Heringer
- Área: 52 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:© Stefano Mori, © Margarethe Holzer
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este Jardim de Infância faz parte de um Centro de Educação em Permacultura no Zimbábue, e é concebido dentro desta filosofia de autossuficiência: erguido em madeira, palha e pedra, este projeto oferece às crianças um parquinho para se familiarizarem com os princípios da natureza enquanto os implementam em vida cotidiana. É um projeto piloto de uma forma sustentável de construir que vai reavivar o artesanato e o saber da região.
A comunidade de permacultura PORET no Zimbábue segue a filosofia de uma sustentabilidade holística desde 1996. Com cuidado, paciência, tempo e sementes, e sem qualquer ajuda externa, eles transformaram uma área muito seca em um pequeno paraíso fértil. Dentro de seus princípios, eles alcançaram o máximo que puderam, mas faltava construir espaços de educação na mesma abordagem holística. O PORET-Jardim de Infância será, portanto, o primeiro a ser erguido, atuando como projeto piloto, incentivando o artesanato local e o know-how da construção. Além disso, é o primeiro jardim de infância em toda a área rural do distrito de Chimanimani, uma região deserta que abriga cerca de 200 famílias sem nenhum acesso à educação.
O jardim de infância está fortemente integrado às atividades de permacultura no local. As crianças aprenderão desde o início a cuidar das plantas, a ser gentil com o solo, a economizar água e a compreender as necessidades da natureza. Para além disso, a comunidade também facilitará o desenvolvimento pessoal dos seus habitantes, já que, as duas estruturas serão utilizadas também como espaços de formação e encontro para os habitantes das aldeias vizinhas.
Apesar da obra estar fundada em uma base de pedra, a madeira foi escolhida para a estrutura principal, já que Zimbábue é conhecido por sua silvicultura. Depois de concluída, a estrutura de madeira será coberta por palha, pois há uma forte tradição de telhados de palha de excelente qualidade técnica no país. Além disso, a forma tradicional de cortar a vegetação para cobertura de palha reduz o risco de incêndio na região, embora tenha um bom desempenho em áreas de baixa pluviosidade, onde o clima pode ser severo. Nosso objetivo é, assim, reconstruir esse conhecimento, pois é vital para a condição geral da habitação.
Como o trabalho com o colmo e a pedra exigem mão-de-obra intensiva, os artesãos estão recebendo uma boa parte do orçamento da construção. Com estas técnicas locais o projeto pretende construir um processo que reforce a solidariedade e o espírito de equipe, competências e conhecimentos, autoconfiança e dignidade. Devido aos contextos climáticos e às condições locais, os edifícios, a menos que sejam construídos em vidro e aço, não durarão para sempre, mas é essencial que o know-how para os reconstruir seja mantido vivo nas gerações seguintes. É por isso que vemos este projeto principalmente como um treinamento em técnicas de construção avançadas com materiais existentes.