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Arquitetos: NEBR Arquitetura
- Área: 240 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Manuel Sá
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Fabricantes: Alcoa, Celite, Deca, GRUPO PAMESA CERAMICA, TAU Ceramica, Prissmacer, Ecoceramic, Geotiles, Navarti, Iquine, Seves Glassblock, Tigre, Tramontina
Descrição enviada pela equipe de projeto. No céu do município interiorano de Carpina, há sempre uma revoada a passar, há sempre um pássaro a cantar. Neste cenário tão singular, o desenho da casa de campo emerge em sua condição primária – desfrutar a atmosfera envolvente mediante uma arquitetura sem excessos. A geratriz do partido arquitetônico advém do corte longitudinal da geografia em declive e se apropria do perfil natural do sítio em meio à Zona da Mata Pernambucana.
O processo projetual pragmático compreende as premissas impostas à sua dicotomia – equilibrar razões de ordem econômica e construtiva. Em síntese, o sistema construtivo convencional em concreto armado, onipresente no território, valida desdobrar e traçar uma arquitetura identitária dentro das possibilidades.
Para tanto, a acuidade técnica dos projetistas no canteiro de obras orquestra o aparato consciente na materialização dessa dialética. O traçado regulador das plantas assume uma divisão modular, ao ordenar e acomodar um escopo programático denso para uma residência de 240m² de área construída, distribuídas em dois pisos.
Por outro lado, apesar da conformação compacta do programa doméstico, a resolução geométrica do vazio edilício sucede qualificar a ambiência dos espaços ocupados, na tentativa de legitimar diálogos com a fruição da paisagem rural ininterrupta envolta ao habitat. A partir da articulação de sólidos ortogonais volumetricamente díspares, a expressão plástica de projetação rigorosa visa acentuar o rigor geométrico com uma certa fragmentação ao subverter protagonismos formais.
A linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem compreende por vezes cursos contínuos, ora descontínuos, desponta ao avançar e retrair a caligrafia de arestas não coplanares. Em sua materialidade, o projeto faz proveito da sinergia tangível na profusão dos blocos de vidro em atenuar a luz natural por uma ótica plural. Essa experiência conjuga uma sensível narrativa poética em virtude da sombra, entre a coexistência métrica dos blocos ante o bordado esguio da natureza ali posta.
Outro elemento suscita um papel notável em seu íntimo, um inesperado passadiço envidraçado paradoxalmente paira sobre a paisagem e testemunha o finito ao gravitar as interfaces natural e edificada o significado perene do espaço. A existência precede a sua essência, essa valia perpetua a alma da casa – a elegia do vazio edificado frente à natureza sublime.