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Arquitetos: RUÍNA
- Área: 17 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Lauro Rocha
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Fabricantes: Adobe, AutoDesk, Delidecor Cortinas e Persianas, Espaleti Serralheria Artística, Manoel Messias - WMS Marcenaria, Office, Pedras Bellas Artes, R&A Pinturas, Robson Soares, Trimble
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto de renovação do espaço expositivo e loja Carol Arbex foi desenvolvido a partir da premissa de traduzir a identidade da marca em experiência espacial. Elementos e materialidades foram selecionados para sugerir um percurso sutil e possibilitar uma narrativa pessoal e subjetiva - construída pelo encontro do usuário com o espaço.
Dentro de um espaço de 17m2, a experiência se divide em três momentos: ao entrar pelo acesso principal, percorre-se à esquerda o mobiliário em marcenaria — o qual abriga o programa administrativo, financeiro e estoque —, em seguida as araras que exibem as peças das coleções, e ao fim um grande espelho configurando umelemento escultural de contemplação onde usuário, peça de roupa e espaço se vêem refletidos.
Para além do conceito, o espaço ainda deveria atender uma demanda bastante pragmática: ser capaz de abrigar — em tempos distintos — quatro tipos de programa: loja, showroom, estoque e sala de jantar. A diversidade de usos exigiu pensarmos elementos como dispositivos que possibilitam a expansão e contração do espaço. Uma bancada móvel que se encaixa ao mobiliário em marcenaria, araras que sobem e descem conforme sua necessidade, de tal forma que vários cenários se materializam em um mesmo ambiente.
O mobiliário em marcenaria possui duas configurações de aberturas: tipo camarão com trilho de embutir e esteira embutida — permitindo que durante o uso, todas as portas se abram totalmente e adentrem o mobiliário, evitando que ocupem espaço de projeção no ambiente. O desenho do mobiliário foi pensado de tal forma a evitar um efeito monolítico e garantir suavidade e leveza a partir de elementos de respiro — a porta de vidro canelado que encerra a área de escritório, bem como o vazio que sustenta espelho, prateleira e a bancada móvel.
As araras deveriam trazer sutileza e dinâmica ao espaço, e para tanto, as peças em aço escovado foram curvadas em calandra manual, configurando elementos de maior organicidade e dando movimento às peças de roupa exibidas. Com o objetivo de reduzir custos — mas ainda assim poder trabalhar com materiais requintados — foram utilizadas pedras descartadas por uma marmoraria local para compor o embasamento, puxadores das araras e superfície de apoio para uma bancada móvel.
Os blocos maiores de arenito amarelo foram perfurados com profundidade suficiente para que os apoios verticais das araras (perfil tubular Ø38mm) fossem encaixados e fixados - de tal maneira que o peso do bloco funciona como embasamento e ancoragem. Blocos menores foram esculpidos, lixados e perfurados, servindo como puxadores das araras móveis - cujo sistema funciona com roldanas fixas e contrapeso. A chapa de mármore crema marfil utilizada era totalmente irregular e por isso foi recortada dentro do perímetro intacto da peça, e depois fixada sobre a estrutura da bancada móvel da loja.
Durante o processo de projeto e execução compreendemos que a cadeia de produção e descarte das marmorarias — cuja reciclagem de resíduos só é possível para determinados tipos de pedra e sob processos de intensa maquinofatura — apresenta outras maneiras de reaproveitamento na arquitetura, com escalas e usos diversos a partir de pequenas manufaturas, tecnicamente mais acessíveis.