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Arquitetos: Pereira Miguel Arquitectos
- Área: 650 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:FG+SG - Fernando Guerra
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Fabricantes: Fabri, Koklaat, MADEICENTRO, Secco, Tagus Prime, Valadares
Descrição enviada pela equipe de projeto. Tratou-se de um projecto de alteração, interior e exterior de um edifício de habitação com quatro pavimentos, composto de cave, rés-do-chão, 1.º e 2º andar e cobertura plana acessível. Dispunha ainda de um pátio de entrada para estacionamento e um jardim à retaguarda. Tem uma implantação insólita, uma vez que ocupa o meio do lote, numa Rua sem saída, entre as Rua da Escola Politécnica e a Rua de São Bento em Lisboa. A zona é caracterizada por uma malha compacta, com edifícios de habitação de várias épocas do século 19 e 20.
Confronta no seu lado Norte com a Casa Museu João da Silva, edifício actualmente em vias de classificação. No lado Sul com outro edifício da mesma época, de estética mais clássica, alinhado pela estrada e também com três pisos acima da cota de soleira e um para baixo. No lado Nascente, confronta com a Rua Tenente Cascais e uma linha de edifícios banais da década de 70 com quatro pisos de altura. Da leitura histórica percebia-se que o desenho original era da década de trinta do século passado, com linhas Arte Nova, e a utilização embrionária do betão armado na sua estrutura. Foi ao longo do tempo objecto de várias alterações, que culminaram numa grande ampliação na viragem do século 20 para o 21, que lhe conferiu um aspecto suburbano, de estética duvidosa e materiais banais. Tudo isso culminava num misto de tipologia de vivenda com a de prédio de rendimento, uma vez que dispunha de três habitações.
A lógica da intervenção consistiu em redesenhar todo o exterior e interior dando-lhe um aspecto mais fino, depurado, de qualidade, recuperando uma estética dos anos 30, tanto nos diversos vãos interiores e exteriores como nos acabamentos das I.S., cozinha, escadas, etc. A título de curiosidade, terá sido o único projeto em Lisboa, onde o preço por metro quadrado tem vindo a subir exponencialmente, em que se retirou área de pavimento para se ganhar luz e espaço interior. A grande janela da sala sobre o jardim, só foi possível de concretizar, porque se convenceu o cliente a retirar parte da laje entre pisos, e criar um duplo pé-direito. Em suma, a qualidade do espaço interior e exterior tornou-se mais importante que os m2 que esmagavam o espaço e o tornavam mais escuro e sombrio.