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Arquitetos: Gui Paoliello Arquiteto
- Área: 179 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Manuel Sá
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Fabricantes: DuPont, AutoDesk, Deca, Fogomix, Metavila, Perfilor, Trimble
Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa localiza-se na divisa entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, em Bocaina de Minas, próximo à Visconde de Mauá, no Vale do Morro Cavado. Situada às margens do Parque Nacional de Itatiaia, sua relação com o terreno e com a paisagem é o eixo fundamental de sua concepção. A casa foi moldada pelo desenho da topografia e edificada através de técnicas construtivas de baixo impacto ambiental, aproveitando-se de materiais disponíveis no local e do conhecimento e mão de obra da região.
O formato arqueado da casa segue o desnível do terreno, mantendo-a nivelada com o platô de acesso e ao mesmo tempo levemente elevada do chão, sem a necessidade de grandes estruturas ou movimentos de terra. Além de proporcionar uma intervenção mínima com o terreno, essa implantação em arco, se amolda ao relevo, uma cumeeira em declive na encosta do morro. O maior perímetro do arco fica voltado para a paisagem, criando um plano visual de quase 180º, potencializado pelo fechamento de vidro em toda a extensão da fachada, que permite a contemplação da vista de qualquer ambiente da casa.
O programa está distribuído em um único pavimento, separado em módulos trapezoidais que organizam os ambientes. Os módulos são fatias do arco e tem 5m na face maior, voltada à paisagem, ao norte, e 3,30m na face menor, voltada ao sul e ao platô de entrada. O acesso para a residência se dá por uma passarela que conecta o platô à casa, chegando em um módulo de varanda aberta e coberta. Esse módulo aberto separa a área principal da casa do primeiro módulo à esquerda, um dormitório de hóspedes, permitindo sua privacidade e independência. Na outra extremidade da casa encontra-se um outro dormitório de dimensão idêntica, este sim conectado internamente aos ambientes de estar e cozinha. Esta área comum, composta por mais 3 módulos iguais, conforma um único grande ambiente de estar e cozinha integrado, constituindo-se na centralidade do projeto.
A estrutura independente permitiu que o fechamento da casa fosse o mais leve possível, possibilitando o desenho de uma fachada em arco, com faces norte/nordeste/leste composta inteiramente de caixilhos de madeira e vidro. Todas as paredes internas são de feitas em madeira, artesanalmente no local (wood frame). A face de acesso e nas laterais (sul/sudoeste), onde é necessário mais isolamento, os fechamentos são em camadas duplas com tabuas de madeira sobrepostas externamente e em chapas de madeira industrializada (compensado naval) internamente. O recuo destes caixilhos e fechamentos leves em relação ao perímetro da casa, resguarda-os das intempéries, ao mesmo tempo que destaca o volume fechado dos pilares roliços, cria uma varanda voltada à paisagem.
A divisão entre cada módulo é delimitada pelos eixos estruturais, compostos por vigas e pilares roliços de eucalipto retirados do próprio terreno. A base da casa é composta pelos troncos de maior diâmetro, suspensos do terreno apoiados em aletas de alvenaria estrutural (trechos de parede), localizados no centro de equilíbrio de cada viga. Próximo às extremidades desses troncos em balanços simétricos, apoiam-se pilares retirados de partes mais esbeltas dos mesmos trocos. Esses pilares são conectados na parte superior, por outra viga roliça, a parte mais esbelta dos troncos, desta vez inclinada, para garantir o caimento do telhado. Todas as conexões entre os troncos são feitas em chapas de aço e parafusos, desenhadas especialmente para o projeto.
Os banheiros são estruturas de alvenaria, em volumes anexos independentes da estrutura de madeira, são anexadas aos módulos dos quartos, e apoiam-se como caixas diretamente no terreno. Embora fora do perímetro da estrutura de madeira estes volumes se encaixam ainda abaixo da cobertura de grandes beirais, permitindo que seu forro, abaixo da cobertura principal, seja de vidro transparente, proporcionando ampla iluminação, mas com privacidade.
Esta decisão projetual, além de evitar o contato das áreas molhadas com a madeira, facilita as subidas e descidas das tubulações hidráulicas para o terreno de maneira mais discreta e protegida. A casa dispõe ainda de sistemas de geração de energia e aquecimento de água por captação da energia solar, o que a torna praticamente autossuficiente.