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Arquitetos: Garoa
- Área: 415 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Paula Monroy
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Fabricantes: Deca, Eliane, Elizabeth, Gypsum, IBBL, Icasa, Inove, Quartzobrás, Romar, Suvinil
Descrição enviada pela equipe de projeto. Mudanças na forma de ensino tornam latente repensar os espaços de ensino. Com novas abordagens em que o professor não é mais fonte de conhecimento única e o ensino não mais unidirecional, salas de aulas herméticas com ponto de fuga direcionado à lousa não mais fazem sentido. Dentro deste cenário, a Wish 21 é continuação de um trabalho realizado pelo escritório, em conjunto à escola, que procura investigar e especular espaços catalizadores para as novas formas de educação. Pautado pela pedagogia holística, que constitui sua base através de uma visão completa do indivíduo, o novo espaço tem como objetivo abrigar uma nova proposta da escola que visa oferecer programa que enfoca estimular competências do século XXI.
O novo programa tem como objetivo explorar potencialidades do indivíduo, de maneira autogerida, a partir da criação de trilhas personalizadas que abrangem diferentes tipos de atividades. Cada qual no seu interesse, aprende a seu tempo, a seu modo. Tem-se em mente, a partir da leitura da proposta pedagógica, que os espaços não podem ser enclausurados e segregados. São necessárias interações, espaços catalisadores, que promovam distrações positivas, encorajem trocas, estimulem o fazer autônomo, que reflitam os diferentes caminhos de cada aluno.
A intervenção é em galpão pré-existente. As ações são pautadas por procedimentos de demolição e enxerto, retirando excessos de construção e inserindo novas estruturas que possibilitam a criação de espaços flexíveis capazes de abrigar as diversas atividades propostas. Abordamos a planta como território composto por zonas de contração e expansão, em que existem fronteiras e bordas, mas elas são tênues, permitindo e incentivando a transgressão, catalisando a apropriação imaginativa, entendendo as crianças como sujeitos ativos.
Os corredores, lugares em que a única função é o movimento contínuo do ir e vir, não existem. As paredes que dividem os espaços não chegam até o teto, possuem perfurações, brechas que permitem ver através ou ouvir o que acontece nos espaços contíguos. Dessa forma essas paredes, essas linhas que de certa forma dividem os espaços, são tênues. Estimulam a contaminação das atividades que ocorrem entre elas. Seu desenho conforma espaços às vezes largos, às vezes estreitos e altos.
Não é possível compreender a totalidade do espaço parado, suas inflexões e sinuosidades fazem com que seja necessário se mover para compreender, exige do usuário certa atenção, certa consciência do corpo que vira unidade de medida. Referente a luz natural, o projeto se pauta pelo mapeamento e potencialização das aberturas existentes na construção, motivando a distribuição do programa e o desenho das paredes internas, de forma a dividir e direcionar a luz natural para cada ambiente. Portanto o desenho das paredes de gesso possui inflexões a meia altura que funcionam como rebatedores de luz, são responsáveis por partilhar a entrada de luz natural de uma abertura única para dois recintos. De forma geral, o projeto busca enfatizar que as diferentes áreas do conhecimento se retroalimentam, que o espaço não tem que somente refletir essa retroalimentação, mas também catalisar as possíveis interações entre seus usuários.