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Arquitetos: Estudio Dikenstein Arquitectos
- Área: 120 m²
- Ano: 2018
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Panal, situada no Condomínio Quebrada Matanzas, apresenta-se como um espectador atônito junto ao Oceano Pacífico, elevado a 90 metros acima do nível do mar. A casa busca as melhores vistas, que naturalmente nos levam para o sudoeste, de forma a aproveitar ao máximo o seu entorno deslumbrante.
A primeira abordagem do projeto foi solucionar a implantação em um terreno cujas condições pré-existentes não eram as mais favoráveis, como o solo de má qualidade com declive acima de 55°, vento sul de 15 a 25 nós em média durante todo o ano, as bordas de um riacho e um ambiente hostil. Apesar de tudo, um local encantador com excelentes vistas para o mar, que procura conectar e sensibilizar para o modo de viver uma casa numa zona costeira.
A casa foi concebida com um modelo estrutural misto, que possui muros de contenção de concreto aparente em três níveis ancorados ao morro, elementos metálicos e de madeira, produzindo a imagem de uma casa suspensa no ar com grande percentual de fechamentos de vidro.
O projeto consiste em dois pavimentos separados por uma fita vermelha, que se inicia 40 metros abaixo da casa no acesso inferior, que por sua vez, atua como um conector entre os dois níveis. Este gesto permite a geração de fachadas independentes onde os dois volumes obtêm uma vista para o mar, a partir do nível mais favorável da colina, configurando uma pausa visual.
O acesso principal é feito pelo pavimento superior, ao acessar a casa um hall organiza o espaço, abrigando um quarto, um banheiro, a cozinha, sala de jantar e sala de estar, bem como, as escadas que conduzem aos diferentes pavimentos. A lareira, pensada e projetada como principal elemento escultórico, está posicionada num ponto central e possui vidro em duas faces, refletindo o fogo em todas as janelas da casa e permitindo assim que a luz da fogueira seja apreciada em todos os cômodos, nos pavimentos superior e inferior. O terraço face norte dá acesso à cobertura, que configura um terceiro pavimento a esta quinta fachada, de onde se pode apreciar toda a dimensão da casa através das suas aberturas. Além disso, uma parte da cobertura foi mantida descoberta, permitindo que o sol entre na casa.
Aproveitando as condições do local, foram geradas aberturas em todos os planos da casa, permitindo que o céu estrelado de Matamoros esteja em contato direto com o habitante. No pavimento inferior, foi alocado o quarto principal, onde a cama foi centralizada, de forma a permitir uma visão 360º de todo o ambiente, o closet e o banheiro assumem um papel secundário, ocultos na circulação posterior. Na sequência surge o volume da adega e loggia, com acesso externo, que acentua a ruptura e a separação entre os volumes inferior e superior.
No lado externo foi tecida uma pele rústica, que camufla o interior da casa, ajuda a dissipar o forte vento direto e gera um jogo de luz e sombra, que muda ao longo do ano através do movimento solar e lunar. Pela manhã, o despertar da pele é percebido com a entrada dos raios solares, que se infiltram nos diferentes ambientes entre os vazios, e assim transformam o ambiente com o passar do dia. A noite, a casa se apresenta como uma caixa de luz, uma lanterna totalmente texturizada para o exterior, enquanto reflexos são percebidos no interior de todos os painéis envidraçados.
A Casa Panal oferece uma experiência radical e uma forma de viver experimental ao integrar o espaço interno e externo, na vertical e na horizontal. O mar, a lua, o sol, as estrelas, o fogo, à terra e a altura são os principais componentes que nos permitem experimentar o modo de viver. Através de espaços abertos, translúcidos, permeáveis, sensíveis às percepções e as conexões com os habitantes.