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Arquitetos: Paulo Freitas e Maria João Marques Arquitectos
- Área: 276 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Inês d’Orey
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Fabricantes: BANDALUX, BRUMA, Corian, Duravit, Geberit, Gercima, Investwood, JNF, Knauf, O/M Light - Osvaldo Matos, Oli, Roca, Sika, Sosoares
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em pleno Centro Histórico do Porto, Património Mundial da Unesco, deparamo-nos com um edifício em ruína, reduzido à robustez das suas pareces exteriores de granito.
O desafio passou por idealizar um habitáculo interior contemporâneo que partindo desta pré-existência, recriasse um programa de espaços e materiais com fortes referências à arquitetura oitocentista do Porto. Atualmente o edifício compreende dois espaços habitacionais e um espaço com vocação comercial. As habitações organizam-se em duas unidades autónomas que se sobrepõem, uma de tipologia T0 e uma outra de tipologia T3.
Encontrando-se num gaveto que divide dois arruamentos com acentuados desníveis, o edifício adapta-se a esta morfologia, apresentando entradas a diferentes níveis. Um, à cota mais baixa, a partir da Rua da Vitória, oferece acesso ao espaço comercial. Outro, à cota mais alta, desde a Travessa do Ferraz, garante o acesso às habitações.
A construção implanta-se num tramo bastante estreito dos arruamentos, criando uma grande proximidade entre as fachadas dos primeiros pisos. Apenas o último se eleva relativamente à envolvente, projetando a vista sobre o Centro Histórico a partir de uma generosa varanda.
Por se tratar de uma reabilitação, a intervenção preconizou uma aproximação aos materiais e técnicas construtivas originais. As paredes de alvenaria existentes foram reabilitadas e preparadas para receber a nova estrutura. Um conjunto de vigas estruturais em madeira apoiam tetos e pisos no mesmo material, ficando estes intercalados por barrotes e materiais de isolamento térmico e acústico. Vigas metálicas perimetrais fixadas às paredes de alvenaria de pedra e ligadas aos elementos estruturais de madeira estabilizam o conjunto.
Todos os vãos receberam novos caixilhos exteriores em madeira maciça. Todos os elementos em ferro foram restaurados. O corpo superior, recuado, foi revestido a zinco nas paredes e em telha cerâmica na cobertura de duas águas, em diálogo com a sua envolvente próxima e enquadrando-se na paisagem do centro histórico. A estrutura de madeira à vista, o branco que une paredes e tetos, o cinzento dos móveis, e a cor quente da madeira que reveste o chão são os elementos contínuos que contribuem para a fluidez dos espaços.
As opções subjacentes a esta intervenção tiveram em conta as exigências atuais de conforto e salubridade, nomeadamente no que diz respeito ao cuidado com a ventilação dos espaços e diminuição das perdas térmicas, bem como o acondicionamento ordenado e oculto das infraestruturas necessárias. Todas as intervenções referidas foram norteadas pelo princípio da reversibilidade, no máximo respeito pelas pré-existências.
A Reabilitação de Prédio na Travessa do Ferraz foi finalista do PNAM’21 - Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira.