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Arquitetos: Luís Peixoto
- Área: 257 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Arménio Teixeira
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Fabricantes: Adamastor, Compact, Margres, Navarra, Sanindusa, Strong
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa em Vila de Prado situa-se num contexto marcado pela predominância de habitação unifamiliar. Tendo em conta a configuração irregular do terreno em que se insere, próxima de um "T", bem como os requisitos previamente estabelecidos em relação ao programa e à morfologia da casa, o primeiro desafio passou por encontrar uma implantação perfeitamente integrada na escala do tecido urbano envolvente que não contrariasse a topografia existente. Considerando a permeabilidade e a proporção do terreno, destaca-se a possibilidade de a habitação ser servida por um acesso de maior dimensão a nascente, à cota da rua, e outro, de menor dimensão e estritamente pedonal, a poente, numa zona em que se dá um alargamento do terreno na direção norte-sul, a uma cota superior.
A resposta ao problema da implantação foi sugerida por uma construção anterior, entretanto demolida, que se encontrava adossada a um muro de pedra existente. Este elemento limitava o terreno a poente, coincidindo com o limite de uma casa que lhe era contígua. Seguindo o mesmo princípio, a admissão deste muro como limite da construção oferecia, neste caso, a possibilidade de desenvolver a habitação na direção norte-sul, maximizando a exposição solar a nascente e a sul, e libertando simultaneamente uma área exterior generosa para a implantação de um jardim.
Tomando a irregularidade geométrica do limite do terreno como aspeto dinamizador da sua composição, a composição da planta dialoga com o movimento do muro, reproduzindo a sua curvatura através de traços geométricos ortogonais, de recortes e saliências que organizam o programa no interior, gerando possibilidades de abertura de vãos em várias direções, numa relação dinâmica com a paisagem, e diversificando simultaneamente o espaço exterior.
No interior, o muro apresenta-se como um elemento ondulante e contínuo que percorre a sucessão dos vários espaços, manifestando-se primeiro no momento de entrada, prolongando-se por toda a extensão da sala de estar, e estreitando gradualmente na direção dos espaços de maior intimidade. A noção do muro enquanto elemento excecional motiva a escolha, para o seu revestimento interior, de tijolo artesanal, um material cujas variações cromáticas e a textura se destacam da abstração dominante nos restantes materiais, propiciando um maior conforto interior, complementado com a escolha do soalho para pavimento.
Por outro lado, vista do exterior, a casa apresenta uma expressão homogénea e regular, evitando adicionar ruído ao contexto em que se insere, e realçando o jogo volumétrico dos recortes que adaptam a sua configuração aos limites irregulares do terreno. A horizontalidade dominante no conjunto é apenas contraposta pela utilização de brise-soleil, através de barras metálicas verticais que ocupam porções pontuais das fachadas, regulando a temperatura do interior e acrescentando simultaneamente uma variação rítmica aos alçados.