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Arquitetos: oitoo
- Área: 190 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Adriano Mura
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Fabricantes: ARCALO, Aleluia Cerâmicas, Amorim, Grandinetti, Ofa, Projecto Mosaico, Saint Gobain Glass, Sodo collect
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Ground Floor House é o resultado prático de uma investigação urbana que identificou o potencial de criação de espaços de alojamento e trabalho para cerca de 50.000 pessoas num horizonte temporal curto, sem recorrer à ocupação de novo solo, transformando espaços de rés do chão existentes dentro dos limites da Cidade do Porto, Portugal.
A ideia parte da constatação de que grande parte dos rés do chão da cidade se encontram sem uso, em virtude das transformações económicas e logísticas dos últimos 40 anos. E enquanto nos centros históricos o turismo impulsiona a atividade de restaurantes, bares e lojas, já nas zonas limítrofes – mas ainda centrais – isto não acontece da mesma forma: o comércio local e os serviços de bairro não são suficientes para ocupar a enorme quantidade de metros quadrados deixados vazios ao nível da rua.
Após um trabalho de investigação iniciado em 2017 no Bairro de Paranhos, Porto, documentando uma área de 36 hectares, onde foi analisado o estado da totalidade dos espaços construídos no rés-do-chão de edifícios habitacionais, a oitoo transformou um antigo armazém, criando uma Casa no Rés do Chão que ilustra uma visão para uma cidade mais híbrida e menos especializada, onde é possível viver e trabalhar no mesmo bairro.
O projeto demonstra as qualidades subjacentes dos espaços de rés-do-chão sem uso, procurando melhorar a opinião pública sobre estes espaços, tantas vezes condicionada por uma ideia de falta de segurança e privacidade, impróprios para habitar ou trabalhar. Espaços vazios no rés-do-chão significam ruas sem vida ou atividade: só a sua apropriação pode evitar usos abusivos do espaço público.
A Ground Floor House foi concebida de forma a ter um funcionamento energético totalmente passivo: serve-se de um sistema de ventilação cruzada, garantido pelo desenho customizado das caixilharias e serralharia produzidas localmente e de um sistema de pavimento radiante alimentado por uma bomba de calor. Procura-se o máximo de conforto com o menor consumo de energia para uma casa com quatro quartos e um generoso jardim, a dois passos do centro da cidade.
Este projeto exigiu uma profunda reflexão sobre os temas do design de interiores: a mediação entre o espaço público e o espaço privado; a organização interna do espaço doméstico; as necessidades de luz natural e artificial em lotes excepcionalmente profundos; a atmosfera dada pelos materiais e os acabamentos; a oportunidade dada pelos pés direitos generosos para criar uma “topografia interna”; o repensar das traseiras impermeáveis que se transformam em jardins secretos- uma sala exterior aberta ao céu.