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Arquitetos: Andrés Zegers Arquitecto, Lirio Paisaje
- Área: 1500 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Marcos Zegers
Descrição enviada pela equipe de projeto. O conceito educacional por trás da encomenda de projeto: o aprendizado ao ar livre, ou outdoor learning, é um método de educação baseado na experiência e no contato das crianças com a natureza e nos benefícios que ela traz para sua formação, que vão desde benefícios cognitivos, até sociais e emocionais. Nesta linha, era necessário projetar espaços capazes de combinar concentração para situações de aprendizagem focada em um tema ou tópico específico com um pequeno grupo de crianças e, ao mesmo tempo, conseguir uma sensação de liberdade, do ar livre e, junto a isso tudo, permitir que as demais crianças que não estejam envolvidas nessas atividades pontuais brinquem.
O terreno de 1500 m2, claro, aberto e sem construções, tinha uma pequena área pavimentada no térreo em forma de semicírculo, que foi aproveitada para gerar dois pavimentos conectados por uma suave inclinação entre eles. Considerando o usuário e esta condição do terreno, um semicírculo, nasceu a ideia de trabalhar com a forma circular, já presente no terreno e devido à importância desta forma geométrica na educação das crianças em termos de aprendizagem, concentração e sociabilidade de acordo com o conceito de tempo circular.
Assim, definiu-se que o terreno seria coberto por um percurso circular, uma elipse, que apresentaria os diferentes ambientes e experiências ao longo do caminho, entendendo esta rota como o fio condutor de uma história, e cada ambiente, descoberta e experiência como uma parte dessa história. Possivelmente um dos maiores desafios foi o de criar espaços entendidos como salas de aula abertas que tivessem a dualidade de serem espaços de concentração ou de diversão, dependendo da atividade proposta naquele momento em particular.
A água tinha que ser um elemento presente no projeto por todos os benefícios sensoriais que ela produz no aprendizado das crianças. Criou-se uma rota de água para acompanhar a circulação principal e, assim, dar a possibilidade de gerar diferentes situações e sensações nas crianças através do som, do tato e da visão. Para alcançar o menor consumo de água possível, foi proposto um sistema de recirculação de água para evitar o consumo constante e permanente. Somente o abastecimento inicial de água seria necessário.
O uso da vegetação deveria ser uma ferramenta de projeto, bem como uma ferramenta educacional. Para tanto, foi proposto um desenho paisagístico baseado principalmente em espécies nativas que responderia à necessidade de fornecer árvores ornamentais que demarcar diferentes áreas, dar cor em diferentes épocas do ano, sombras, texturas e cheiros, e também permitir às crianças aprender sobre os tempos de crescimento e desenvolvimento das plantas, as estações frutíferas de algumas espécies e o cultivo de outras, e, acima de tudo, entender e cuidar da natureza. O tijolo de demolição foi utilizado para a maioria dos elementos, gerando assim uma materialidade predominante, incorporando o maior número possível de materiais que o terreno oferecia como ferramentas para o lazer e a educação.